O alerta foi deixado durante uma conferência realizada em Lisboa, no âmbito de um projeto da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), que reuniu sindicalistas de vários países, especialistas e representantes de organizações ambientais.

“Vivemos num quadro em que a primeira prioridade passa pela sensibilização dos trabalhadores para este problema, que não é dissociável das condições de trabalho”, disse o líder da CGTP, Arménio Carlos, durante a sua intervenção.

O dirigente da intersindical sublinhou que as condições e a qualidade do emprego têm de ser salvaguardadas, ao mesmo tempo que se combatem os efeitos das alterações climáticas como o aquecimento global.

"Continuamos a ter muitas instalações com cobertura de amianto, com os trabalhadores requisitados para tirar essas coberturas sem condições para o fazer", exemplificou Arménio Carlos.

"Já no caso de encerramento das empresas mais poluidoras, têm de ser salvaguardados postos de trabalho alternativos", acrescentou o secretário-geral da CGTP.

Vanda Cruz, da UGT, disse que “nem sempre tem sido fácil” para esta central sindical “fazer com que alguns teóricos consigam perceber que esta alteração de paradigma da sociedade trará inequivocamente uma alteração de paradigma das condições de trabalho e dos locais de trabalho”.

“Os trabalhadores têm de ter direito à sua requalificação quando as empresas mais poluentes forem reconvertidas”, defendeu a sindicalista.

A dirigente da UGT lembrou que em Portugal “há vários setores da economia que serão afetados” nomeadamente com o aumento da temperatura, sobretudo no interior do país, que “torna insustentável qualquer pessoa ter qualidade de vida e insustentável o trabalho no exterior”.

“É importante que o Governo português implemente medidas que sejam mensuráveis”, defendeu Vanda Cruz, acrescentando que "a consulta aos trabalhadores, aos representantes dos trabalhadores, aos sindicatos é fundamental” para que haja “trabalho digno.

Por sua vez, Ludovic Voet, da CES, sublinhou que “os parceiros sociais devem estar envolvidos” nas políticas de adaptação destacando que as alterações climáticas são um tema cada vez mais presente no diálogo social e que a questão “está a ser levada cada vez mais a sério pelos sindicatos”.

O responsável defendeu que “também é preciso uma boa rede de proteção social” devido à perda de empregos em resultado das consequências das alterações climáticas.

“São precisas políticas de adaptação e de mitigação às alterações climáticas que protejam os trabalhadores e é importante a partilha de ideias entre os vários países”, realçou Ludovic Voet.