“Estamos a falar de um ano em que estávamos em plena pandemia e a complexidade e a exigência do nosso serviço foi bastante exigente ao nível da intervenção da PSP, das chamadas para a polícia, fatores sociais diversos, o confinamento que as pessoas tinham em casa, desavenças entre vizinhos, violência doméstica, houve uma exigência muito visível no ano 2021”, disse à agência Lusa o presidente da ASPP, Paulo Santos.

O presidente do maior sindicato da Polícia de Segurança Pública reagia aos dados da IGAI divulgados pelo Lusa que davam conta que este organismo recebeu 1.174 queixas contra a atuação das forças de segurança em 2021, o número mais elevado dos últimos cinco anos, sendo a PSP a polícia mais visada.

Segundo a IGAI, a PSP é a força de segurança com maior número de queixas, tendo dado entrada na IGAI 565 participações contra a atuação dos agentes da Polícia de Segurança Pública em 2021, seguindo-se a Guarda Nacional Republicana, com 353, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, com 62, e outras entidades tutelados pelo Ministério da Administração Interna (15).

A violação dos deveres de conduta do efetivo da PSP, GNR e SEF e as ofensas à integridade física representam cerca de 60% do total das queixas.

Paulo Santos considerou também que o maior número de queixas contra os agentes da PSP está relacionado com o facto de esta polícia estar “nos locais mais urbanos e de maior densidade populacional”.

O presidente da ASPP sublinhou que atualmente o cidadão comum tem uma visão diferente do serviço policial e do cumprimento das regras, que “muitas vezes são difíceis de traduzir” e dão lugar a situações mais complicadas para desempenhar o próprio serviço policial.

“O que obriga muitas vezes a que as pessoas reclamem daquilo que foi a postura dos policias, mas isso muitas vezes não se traduz em qualquer incumprimento das normas estatutárias ou em dolo”, disse.

Paulo Santos sublinhou ainda que muitos dos processos abertos e endereçados contra os polícias não têm consequências disciplinares.