Em declarações à agência Lusa, o presidente do STEPH, Rui Lázaro, referiu que o caso ocorreu por volta das 18:00 na rua do Alportel, em Faro, onde o septuagenário permaneceu mais de uma hora no chão até que fosse possível ser transportado de ambulância para o hospital.

"Entretanto estava lá o Técnico da Mota de Emergência Médica de Faro, que ao fim de quatro convulsões (do paciente) sugeriu ao CODU/Centros de Orientação de Doentes Urgentes que o transporte fosse feito em carro particular, dada a gravidade da situação. O CODU acabou por enviar uma ambulância passados 55 minutos, que chegou [ao local] já depois de uma hora da chamada inicial", precisou o responsável sindical.

Na altura da ocorrência, relatou ainda, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Faro estava ocupada também.

"Infelizmente, registou-se mais um caso que vem confirmar os alertas que o sindicato tem vindo a fazer ao Ministério da Saúde e também junto dos partidos com assento na Assembleia da República que provam a inexistência de meios para ocorrências de emergência, provocada pela falta de técnicos de emergência pré-hospitalar e pela falta de revisão dos fluxos de triagem que origina que as ambulâncias estejam ocupadas com ocorrências não urgentes", contou.

A falta de técnicos de emergência origina, por seu lado, indicou, que "várias dezenas de ambulâncias não estejam operacionais" devido à ausência de meios humanos.

O dirigente sindical salientou que o STEPH já denunciou tais problemas durante o pico da pandemia por covid-19, tendo o presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria confirmado que mais de 80% dos doentes que chegam aquele hospital em ambulâncias do INEM não são casos urgentes.

"Desde então, o INEM não procedeu à revisão dos fluxos, continuando a enviar ambulâncias para situações com outro tipo de reporte", que podiam ser resolvidas com o encaminhamento para a linha Saúde 24 e para os cuidados de saúde primários.

Em comunicado, o STEPH acrescenta que "acompanha com enorme preocupação as várias situações de atrasos no envio de ambulâncias de emergência médica", lamentando "profundamente os desfechos trágicos de alguns deste casos, bem como dos que acontecendo não são do conhecimento público".

"A situação da Emergência Médica em Portugal é hoje insustentável, demasiado lesiva para o país e para os portugueses que dela precisam", adverte o STEPH.

Critica a "ausência de sentido de Estado de dirigentes absolutamente incapazes de retirar consequências de tão lamentáveis e graves falhas".

No domingo, o STEPH anunciou que vai apresentar queixa ao Ministério Público sobre os atrasos na prestação do socorro pelo INEM, avançando ter conhecimento de ambulâncias que demoraram mais de duas horas.

A queixa abrange todas as denúncias que chegam ao sindicato dos técnicos de emergência médica sobre os tempos de espera para o envio de ambulâncias do INEM para um serviço de emergência, incluindo a recente situação divulgada pelo Jornal de Notícias, em que uma mulher de mais de 80 anos esperou, esta semana, em Lisboa, mais de uma hora por uma ambulância do INEM.

Segundo o sindicato, na passada sexta-feira, um jovem de uma aldeia do interior do país com uma fratura numa perna teve de esperar mais de uma hora por uma ambulância.

Numa listagem a que a Lusa teve acesso, os técnicos de emergência médica dão conta dos tempos de espera, nas últimas semanas, para se encontrar uma ambulância do INEM disponível para prestar socorro a uma situação já triada pelo próprio INEM. Segundo essa lista, há situações em que se está mais de uma ou duas horas à espera do envio de uma ambulância, chegando a estar nesta situação várias ocorrências.

Rui Lázaro afirmou ainda que a queixa no MP vai incidir “nos atrasos do socorro, no compromisso para a vida e para socorro aos portugueses e da inação do INEM”, que “não tem feito nada” para corrigir este problema.

No domingo, o INEM anunciou que abriu um processo de inquérito para apurar as circunstâncias que motivaram o atraso na assistência pré-hospitalar à mulher que esteve mais de uma hora na rua à espera de uma ambulância. O INEM sustenta que se “continua a registar um aumento muito acentuado da sua atividade”.

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