“O descontentamento é generalizado e a adesão [à greve] é diversa, não temos um dado global, mas temos de várias instituições, (…) apesar de algumas, num intolerável exercício do direito à greve, terem proposto uma ampliação brutal dos serviços mínimos”, disse à Lusa o presidente do SEP, José Carlos Martins.
Falando junto ao portão de acesso ao serviço de urgência do Hospital de São José, o dirigente sindical deu o exemplo daquela instituição, dizendo que, “apesar de quase todos estarem em serviços mínimos, há 65% de enfermeiros aderentes à greve”.
À Lusa, José Carlos Martins adiantou que o hospital da Póvoa de Varzim contava com 80% de adesão, o de Dona Estefânia (Lisboa) com 82%, os de Vila Franca de Xira e Pombal com 75%, a Maternidade Alfredo da Costa (Lisboa) com 60%, o Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto (Lisboa) com 63%, a unidade de Alcobaça com 93% e os de Beja e São João (Porto) com 48%.
“Há aqui uma falta de diálogo por parte do Ministério da Saúde, conhecedor dos problemas, e, portanto, não sabemos, porque é que não se reúne com o SEP, com vista a sua resolução. Se não resolver as situações, se não agendar a reunião, naturalmente que as ações de luta e as greves vão continuar”, afirmou.
O sindicalista, acompanhado por uma comitiva de quatro pessoas, salientou que é o Ministério da Saúde que tem de “dar sinais de que quer resolver os problemas”.
“A greve será sempre ponderada (…) e só depende do Ministério da Saúde. Se reunir e se apresentar propostas ajustadas, sensatas e adequadas, naturalmente que a greve será suspensa”, indicou.
Os enfermeiros lutam pelas orientações relativamente à contagem dos pontos para efeitos de progressão na carreira, para resolver injustiças relativas, pelo pagamento de retroativos desde 2018 e pela reposição da paridade salarial entre a carreira de enfermagem e a carreira de técnico superior e outras na área da saúde.
Perto da entrada principal do Hospital de São José decorria ao mesmo tempo uma concentração de trabalhadores da Administração Pública, no âmbito do dia nacional de luta da CGTP, para reivindicar aumentos salariais e protestar contra a subida do custo de vida.
“Decidimos fazer aqui, de forma simbólica, um plenário com os trabalhadores auxiliares (…). Estes trabalhadores não têm uma carreira (…) por força da alteração da legislação em 2008. Estes trabalhadores têm funções muito específicas e, como tal, tem de ser criada uma carreira especial”, disse à Lusa Ana Amaral, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas.
De acordo com a dirigente sindical, as negociações “não estão a corresponder” às expectativas dos trabalhadores.
“A proposta do Governo só integra que se transite aqueles trabalhadores que já têm formação de TAS [Tripulante de Ambulância de Socorro]. Isto é inconcebível, considerando o universo de trabalhadores, que é residual com essa formação”, referiu, dizendo que os auxiliares devem ter uma carreira de grau de complexidade dois com 3.100 horas de formação e uma valorização salarial.
“O Governo propôs um aumento de uma posição remuneratória, nós exigimos o aumento de três posições remuneratórias para ser compatível com o nível de exigência desta carreira”, acrescentou.
A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, disse hoje que a adesão às centenas de greves em todo o país no âmbito do dia nacional de luta da central sindical para exigir aumentos salariais “é elevada”.
Centenas de greves, manifestações, concentrações e plenários em todo o país realizam-se hoje, no âmbito do dia nacional de luta da CGTP, para reivindicar aumentos salariais e protestar contra a subida do custo de vida.
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