O SJ "elaborou uma participação para a Inspetora-Geral do Trabalho, (...) Maria Fernanda Campos" devido a "ações e pressões levadas a cabo pela atual Comissão Executiva do Global Media Group que criaram um clima de intimidação sobre os trabalhadores e os seus representantes", refere o sindicato, em comunicado.

"Entre as questões identificadas como passíveis de configurar assédio laboral estão o reiterado desrespeito da Comissão Executiva (CE) pelos trabalhadores, patente em várias decisões tomadas ao arrepio da lei e/ou sem consulta aos representantes legais, que o SJ entende constituir uma forma de pressão e intimidação", acrescenta.

Esta participação "tem por base declarações e ações dos administradores, nomeadamente José Paulo Fafe e Paulo Lima de Carvalho [que entretanto saiu], denunciando-se pressões dissimuladas e um conjunto de ataques ao exercício e à atividade sindical", lê-se no comunicado.

"A tática de ação/reação, patente nos vários comunicados enviados pela administração durante plenários ou até a meio de uma greve histórica e inédita de dois dias, é uma das marcas deixadas por esta Comissão Executiva" e "igualmente revelador tem sido a utilização dos trabalhadores do GMG e o (não) pagamento dos seus salários como arma de arremesso perante os outros acionistas, como forma totalmente ilegítima de ripostar contra a decisão do Governo de não adquirir a percentagem do grupo na Lusa ou como meio de pressão perante a ERC", aponta.

Ou ainda, "numa tentativa dissimulada de fazer desistir os mais fragilizados entre os prestadores de serviços, que nos últimos meses só têm como certa a total incerteza", denuncia o SJ.

Com a participação à Inspetora-Geral do Trabalho o sindicato "espera que a ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho] se inteire de todas as ações tomadas pela CE [Comissão Executiva]" da Global Media, "que fez dos trabalhadores um adversário, quando são estes que acrescentam valor e mantêm a empresa a trabalhar, mesmo com salários ou subsídios em atraso".

Neste sentido, o SJ espera que "a ACT tome as respetivas ações no sentido de punir um conjunto de atos, praticados de forma deliberada e consciente, com o objetivo e o efeito de perturbar e constranger os trabalhadores deste grupo, afetar a sua dignidade e criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante e desestabilizador. Ou seja, a prática de assédio laboral".

O Sindicato dos Jornalistas espera que este tipo de situações não se repita: "Acreditamos que daqui pode sair um sinal evidente e incontornável de que vivemos num país democrático em que as instituições funcionam e são regidas por leis, iguais para todos".

De acordo com a informação da ERC, a participação efetiva da Páginas Civilizadas na GMG é de 50,25% do capital e dos direitos de voto. Esta posição é calculada a partir da soma da detenção direta de 41,51% e da indireta, através da Grandes Notícias Lda, de 8,74%.

O fundo WOF tem uma participação de 25,628% do capital social e dos direitos de voto da GMG. Por sua vez, o Grupo Bel detém uma participação indireta de 17,58%. A KNJ, de Kevin Ho, detém 29,350% e José Pedro Soeiro 20,400%.

Resumindo, a Global Media é detida diretamente pela Páginas Civilizadas (41,510%), KNJ (29,350%), José Pedro Soeiro (20,400%) e Grandes Notícias (8,740%).