O SJ “considera que a empresa ou as redações têm motivos justificados para pedir contas na justiça pelos prejuízos causados por esta administração, que atacou e desvalorizou publicamente as marcas e o próprio grupo, que destratou e desvalorizou os trabalhadores, que até fez como reféns numa guerra absurda contra o regulador e o direito que assiste a qualquer cidadão de procurar os tribunais para fazer justiça”, refere o sindicato.
“E justiça é o mínimo que se pode exigir em face do que aconteceu no GMG [Global Media Group] durante o consulado de José Paulo Fafe”, acrescenta a estrutura sindical, em comunicado.
José Paulo Fafe informou na quarta-feira, ao final do dia, a demissão do cargo de presidente da Comissão Executiva da GMG, “um ato tão necessário quanto inevitável, pois” o gestor “estava sozinho a presidir à CE [Comissão Executiva] desde 18 de janeiro, quando resignaram Filipe Nascimento, administrador com o pelouro financeiro, e Paulo Lima de Carvalho”.
De acordo com o SJ, a demissão “só peca por tardia, para não dizer mais”.
No final de dezembro, “após mais uma inqualificável decisão, felizmente não acatada pela direção, de suspender os colaboradores do JN a partir do dia seguinte, o Sindicato dos Jornalistas desafiou os acionistas a demitir a Comissão Executiva, que esta quarta-feira caducou, com a resignação do presidente e único elemento em exercício de funções”.
O SJ considera que a “demissão da Comissão Executiva, apesar de ter sido às prestações, credita a favor dos trabalhadores, mostra que se estiverem unidos, motivados e lutarem movem montanhas”.
“A mobilização do GMG contagiou a classe, criando uma noção de coletivo que será muito necessária no futuro e mostrou que sem a visibilidade que só o jornalismo permite esta luta, como outras, poderia ter tido um fim inglório”, prossegue o SJ.
“Créditos, ainda, para os deputados, nomeadamente os presentes na Comissão de Juventude, Desporto, Cultura e Comunicação Social, cujas audiências foram fundamentais para desmascarar a gestão recente e menos recente no grupo”, sublinha.
O despedimento coletivo da administração do GMG “não sucedeu por acaso, nem descontextualizado no espaço, tempo e modo, aconteceu num grupo com redações organizadas em termos sindicais e editoriais, com eleições internas regulares, democracia, e sentido coletivo”, prossegue.
“Com um notável trabalho dos delegados sindicais”, Jornal de Notícias (JN), Diário de Notícias (DN), TSF, O Jogo, Global Imagens “são redações esclarecidas, que reconhecem a importância das instituições que as representam e que valorizam e são valorizadas pelo trabalho do Sindicato dos Jornalistas, que não só acompanhou como apoiou ativamente a demanda dos jornalistas, a quem disponibilizou todos os meios necessários, do secretariado aos serviços jurídicos até à pele dos dirigentes eleitos”, adianta.
A Comissão Executiva da Global Media tinha anunciado uma redução de 150 a 200 pessoas e até agora o salário de janeiro não foi pago dentro do prazo e “os colaboradores estão a receber às pinguinhas e a esmagadora maioria vive na incerteza de saber, com 22 dias de atraso, quem vai ser o feliz (apesar do pouco dinheiro) contemplado no ‘toto-GMG’, a inexplicável fórmula encontrada pela administração para ir pagando a meia dúzia enquanto castiga com ansiedade e sofrimento largas dezenas de recibos verdes”.
Mas este processo “não acaba aqui, também, porque há uma participação na Procuradoria-Geral da República, interposta pelo SJ, e que agora está no DIAP, a quem já fizemos chegar dados mais recentes, sobre a atuação esta administração e da anterior; não acaba aqui porque há queixas na Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT), incluindo uma por assédio laboral que visa ações dos administradores demissionários”, aponta.
Recorda também que “há uma participação na Entidade Reguladora da Comunicação Social sobre as ingerências editoriais” e que o sindicato “não só espera como pugnará para que tudo seja investigado até ao fim e que se apurem responsabilidades”.
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