"Para já, a greve vai manter-se, uma vez que não chegámos a nenhuma conclusão”, afirmou o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) Vítor Reis, indicando que a ação de protesto pode ser suspensa “a qualquer momento se o Governo der passos significativos na resolução dos problemas” da carreira de bombeiro profissional.
Após uma reunião de cerca de três horas com o secretário de Estado da Proteção Civil, no Ministério da Administração Interna, em Lisboa, Vítor Reis salientou “a disponibilidade do Governo para aproximar-se das posições” dos sindicatos, nomeadamente na questão do estatuto, referindo que o tema de maior discordância é o diploma da aposentação.
“Infelizmente, não conseguimos chegar a um acordo. Houve alguns avanços, especialmente na questão do estatuto da carreira. Em relação à aposentação, estão irredutíveis, continuam a não ter em conta a obrigatoriedade e a necessidades destes bombeiros terem uma preparação física e uma robustez acima da média de outro trabalhador qualquer, o que com essa idade, com 60 e muitos anos, não é permitido prestar socorro”, declarou o dirigente do STML António Pascoal, explicando que as negociações não estão encerradas e os sindicatos estão “sempre disponíveis para discutir e negociar com o Governo”.
Os Sapadores Bombeiros de Lisboa iniciam hoje uma greve de 15 dias contra a proposta de alteração à carreira de bombeiro profissional, no dia em que sindicatos representativos dos bombeiros e dos sapadores municipais reuniram com o Governo.
A greve do Regimento dos Sapadores Bombeiros de Lisboa começou às 20:00 e decorrerá até 5 de fevereiro.
A paralisação, agendada pelo STML, foi aprovada na segunda-feira da semana passada durante uma manifestação que reuniu cerca de 150 bombeiros em frente ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, junto à Praça de Londres, em Lisboa, onde o trânsito esteve cortado por estes profissionais.
“Não vamos colocar em risco a vida das pessoas, vamos socorrer sempre que houver risco para a vida humana”, assegurou António Pascoal, lembrando que foram estipulados serviços mínimos.
Entre os avanços nas negociações com o Governo, o dirigente do STML destacou o aumento de três para cinco postos de bombeiro, embora ainda não venham satisfazer por completo as necessidades, e a aproximação com as pretensões dos trabalhadores em relação à grelha salarial, “com um avanço significativo”
Satisfeito, “em parte”, com as alterações ao estatuto do bombeiro, no âmbito das negociações com o Governo, António Pascoal disse que “falta limar algumas arestas”, designadamente a questão da carreira especial e a transição dos vários postos de bombeiro.
Na reunião de hoje com o secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, além dos dirigentes do STML, esteve Carlos Fernandes, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL).
Já na quinta-feira, cerca de 200 bombeiros municipais e sapadores de vários concelhos do país contestaram, junto ao edifício da Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa, a proposta do Governo de regulamentação do estatuto do bombeiro profissional, que pretende unificar estas carreiras, por considerarem que o que foi apresentado "significa uma desvalorização enorme na carreira", que é “nivelada por baixo”.
Segundo uma nota do Ministério da Administração Interna, o Governo pretende "uniformizar a carreira de bombeiro" na administração pública, incluindo a "harmonização remuneratória, acabando com a distinção entre bombeiros municipais e bombeiros sapadores".
Neste âmbito, o executivo assegurou que nenhum bombeiro terá cortes no seu salário por força da regulamentação da carreira de sapador bombeiro (bombeiro profissional de um município).
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