"A supressão de cinco carreiras na Soflusa leva à degradação da oferta do serviço público de transporte fluvial para os utentes no Barreiro, em conjunto com as avarias registadas em embarcações da Transtejo e que levaram à supressão de várias carreiras para os utentes do Montijo e do Seixal", referem as várias entidades num comunicado conjunto.

A União Sindicatos de Setúbal, a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), o Sindicato dos Fluviais, o Sindicato da Marinha Mercante, o Sindicato dos Ferroviários, a Comissão de Utentes da Margem Sul e Cais do Seixalinho e as Câmaras Municipais de Almada, Barreiro e Seixal são os subscritores da nota.

O comunicado indica que estas situações "põem em causa o serviço público de transporte fluvial", pelo que as várias entidades e estruturas querem reunir-se com o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, com caráter urgente.

Hoje, dizem, o estado do serviço "reforça as reivindicações apresentadas pelas organizações representativas dos trabalhadores e comissões de utentes, quando afirmaram que o segundo semestre iria trazer problemas tortuosos para a utilização do transporte público".

O comunicado acrescenta que "não basta ao Governo anunciar 10 milhões de euros de investimento": o Ministério do Ambiente e a administração das empresas devem tomar medidas para fortalecer o transporte público, no seu entender.

"As medidas passam pelo processo de recomposição dos quadros das empresas, a reconstrução dos serviços de manutenção, desencadear um plano de manutenção e a adoção urgente de plano de modernização da frota da Transtejo e Soflusa", explicam.

A Transtejo é a empresa responsável pelas ligações do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão com Lisboa, enquanto a Soflusa faz a ligação entre o Barreiro e Lisboa.

Na segunda-feira, avarias em navios da Transtejo, que operam nas ligações fluviais entre Montijo e Lisboa e entre Seixal e Lisboa, causaram perturbações nas carreiras entre as duas margens do Tejo e originaram protestos dos utentes.

A ligação do Montijo foi regularizada logo na segunda-feira, enquanto a ligação entre o Seixal e Lisboa foi normalizada já durante o dia de hoje, disse à Lusa fonte oficial da empresa.

A Fectrans criticou a redução de cinco carreiras na Soflusa, que faz a ligação fluvial entre o Barreiro e Lisboa, referindo que "este não é o caminho a seguir".

"A Soflusa anunciou um novo horário, que contempla a redução de cinco carreiras entre as duas margens, isto depois de um anúncio de 10 milhões de euros para recuperação da frota, mas que pelos vistos foi apenas um anúncio porque, na prática, o que os utentes têm agora é menos carreiras", referiu a Fectrans em comunicado.

O deputado do PSD Bruno Vitorino, eleito por Setúbal, também já tinha criticado o fim das carreiras nas horas de ponta da manhã entre o Barreiro e Lisboa.

Na ocasião, fonte oficial da administração da empresa, contactada pela Lusa, referiu que se tem procurado ultrapassar as "dificuldades criadas nos últimos anos com desinvestimento em manutenção da frota e venda de um navio".

"Neste sentido, este ano já foram intervencionados mais navios até setembro do que nos últimos anos. Apesar de estarem atualmente seis navios a efetuar as ligações na hora de ponta da manhã, existem alguns horários que ainda não foi possível retomar por falta de frota", explicou a Soflusa.