Em declarações à Lusa, Luciana Passo, presidente do SNPVAC, adiantou que o dia (ou dias) em que irá ocorrer a paralisação será conhecido até 13 de setembro, sendo que a greve irá ocorrer na última semana do mês.
A paralisação abrange não só os tripulantes de cabine, que têm sido dos mais críticos em relação às regras de trabalho na companhia aérea 'low cost' irlandesa, mas também pilotos e serviços de 'handling' (assistência em terra) da empresa.
"Não avançamos já com a data, porque há outros sindicatos que se juntaram agora e têm que analisar, em relação às leis de cada país e aos estatutos de cada sindicato, o modo de aderirem, e de ser uma data que sirva a todos e que possa ser implementada em conjunto", esclareceu Luciana Passo.
A greve está a ser convocada por dois sindicatos italianos, o SNPVAC, uma estrutura sindical belga, duas espanholas e uma holandesa.
Luciana Passo adiantou ainda que os sindicatos irão pedir uma reunião urgente à Comissão Europeia, tanto à comissária dos Transportes como ao presidente Jean-Claude Juncker.
Em cima da mesa está a exigência que os contratos de trabalho da Ryanair sejam feitos segundo a lei laboral nacional de cada país, e não a irlandesa, que tem sido a usada pelo grupo. Os sindicatos contestam ainda o recurso a trabalhadores contratados por empresas de trabalho temporário, que funcionam na órbita da companhia aérea. Estes funcionários acabam por ter condições mais precárias de trabalho.
O SNPVAC esteve esta semana na Assembleia da República, para uma audição na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, onde deu conta dos problemas de que se queixam os trabalhadores da Ryanair: "É inaceitável que em 2018 não se tenha direito a parentalidade, que haja pessoas em Portugal que não têm direito ao salário mínimo, que sejam punidas por estar doentes e que qualquer falta seja sancionada e tenham que se deslocar a Dublin", adiantou Luciana Passo nessa altura.
Além disso, segundo a presidente da estrutura sindical, os responsáveis da Ryanair "nem sequer reconhecem o sindicato como interlocutor válido. Por isso nos juntámos aos sindicatos europeus, para que seja reconhecida a lei de cada país. Há outras 'low cost' em Portugal que fazem tudo o que a lei portuguesa exige, e em bom. Falam com o sindicato. Cumprem e vão um bocadinho mais além. O que quer dizer que é possível. Aqui passa-se do nada, para coisa nenhuma. Muito gostaríamos de fazer um contrato coletivo com eles, mas não conseguimos chegar lá", criticou.
A Ryanair tem estado envolvida num conflito com sindicatos a nível europeu, também com impacto em Portugal, nomeadamente depois de uma greve em abril, em que a empresa foi acusada de intimidar os trabalhadores.
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