“Os sinais são muito negativos”, afirmou o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) aos jornalistas no final da reunião do Fórum Médico, que decorreu em Lisboa.

Também o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Mário Jorge Neves, declarou que “se vão acumulando as evidências” de que o Governo “está a empurrar os sindicatos” para uma nova greve, que seria a segunda este ano, já que os médicos cumpriram dois dias de paralisação nacional em maio.

“Já anunciámos a greve para depois das autárquicas”, reafirmou o responsável da FNAM, indicando que se até ao fim deste mês se mantiver o impasse negocial os médicos marcarão as datas da paralisação.

“Existe um acordo de princípio que os sindicatos médicos pretendem honrar e que indica que até ao fim de setembro iriam decorrer as negociações tendentes a encontrar uma plataforma de entendimento”, acrescentou.

Os sindicatos apresentaram uma proposta negocial em meados de abril e dizem que até ao momento não receberam qualquer contraproposta do Governo.

“O Ministério da Saúde está sob a ditadura do Ministério das Finanças”, lamentou Roque da Cunha, secundado pelo colega da FNAM, para quem “há uma política de ditadura das Finanças sobre a Saúde”.

Mário Jorge lamentou ainda o “desmembramento acelerado do Serviço Nacional de Saúde (SNS)” e as condições de trabalho que se vão degradando.

Os sindicalistas insistem que as matérias que defendem não são reivindicações de aumentos salariais, mas antes questões que pretendem fazer a defesa do SNS. E frisam que se trata de “repor matérias que existiam no plano legal antes da ‘troika’” e da assistência financeira a Portugal.

Os sindicatos mostraram-se já disponíveis para que três das suas principais reivindicações sejam faseadas em três datas diferentes até ao fim da legislatura.

Em causa está a redução da lista de utentes por médico de família, que atualmente se situa nos 1.900 utentes por médico, enquanto os sindicatos pretendem regressar a um máximo de 1.500.

A limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200 e a imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência são outras das matérias essenciais para os sindicatos e que já estiveram na origem da greve de maio.