“Um dos argumentos do Ministério da Saúde é que não há dinheiro para implementar as medidas propostas pelos sindicatos. No entanto, (…) gasta 120 milhões de euros com serviços de empresas de trabalho médico temporário, em vez de abrir concursos atempados para a contratação dos médicos especialistas necessários para o SNS”, afirmam os sindicatos na nota de explicativa dirigida aos utentes.

A greve, que decorre entre terça e quinta-feira, foi convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Na nota que hoje publicam na imprensa, os sindicatos explicam que convocaram a greve “face à degradação do Serviço Nacional de Saúde e das condições de trabalho dos médicos” e lembram que a paralisação surge “após dois anos de tentativas de negociação com o Ministério da Saúde”, sem resultados.

“Para termos médicos qualificados nos serviços é preciso descongelar as carreiras. Só com mais médicos qualificados é possível formar médicos mais novos. Estes médicos mais novos precisam de ter acesso a vagas no internato médico, para não os deixar sem formação”, recordam.

Os sindicatos frisam ainda que “os médicos sem formação são médicos indiferenciados e sem especialidade médica, o que compromete a qualidade do SNS”.

“Com a falta de médicos e de serviços, os doentes esperam horas sem fim para serem atendidos, são adiadas consultas e cirurgias, as maternidades funcionam próximas da rotura, assim como a maior parte dos serviços”, sublinham.

Entre os motivos da greve estão a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, a redução do trabalho suplementar anual, o limite de 12 horas de trabalho semanal em serviço de urgência e o reajustamento das listas de utentes dos médicos de família, de 1.900 para 1.550 utentes.

O descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma, são outros dos motivos apontados.