Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e Federação Nacional dos Médicos (Fnam) reuniram-se hoje com o ministro da Saúde, sem que da reunião, disseram no final, tenha saído qualquer acordo.

O ministro da Saúde apresentou ao SIM e à Fnam uma proposta que prevê um novo modelo remuneratório e um suplemento de 500 euros mensais para os médicos que realizam serviço de urgência e a possibilidade de poderem optar pelas 35 horas semanais.

Após uma nova ronda de negociações, que durou várias horas esta tarde, os sindicatos disseram que não chegaram a acordo com o Governo, mas manifestaram-se disponíveis para negociar e anunciaram a apresentação conjunta de uma contraproposta.

A presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, disse aos jornalistas que nada foi adiantado pelo Governo em relação à principal reivindicação do sindicato, a jornada semanal de 35 horas, e que sobre a proposta do Governo da semana passada continua “tudo na mesma”.

“Os médicos não querem viver à custa de suplementos, o que os médicos querem e que é mais importante é que reponham a jornada semanal de 35 horas para todos os médicos”, disse, explicando que a Fnam irá apresentar na próxima reunião uma proposta onde se vinca essa exigência.

A Fnam, disse, quer chegar a um acordo, mas é preciso que o Governo aceite as soluções que a estrutura apresenta: um aumento do salário base para todos os médicos, que também precisam “de um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional”.

O secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, também disse que a atitude do sindicato tem sido a de tudo fazer para que se chegue a um acordo, mas acrescentou que é preciso que esse acordo seja “suficientemente atrativo para que os médicos se revejam nele”.

Nas declarações aos jornalistas o responsável falou de números, referiu que desde 2015 o orçamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aumentou 72%, a inflação foi de 20,4 e o salário bruto no primeiro degrau da carreira médica aumentou 10,1%.

E concluiu: “A questão de fundo é essa. Ao fim desses anos todos os médicos a trabalhar no SNS em 40 horas, em 42, e em 35 horas têm visto os seus salários diminuídos”.

E em relação a essa proposta base de recuperação do poder de compra, afirmou, na reunião de hoje não houve evolução.

Roque da Cunha também considerou fundamental que os médicos trabalhem 35 horas, para que o SNS seja mais atrativo e para evitar a degradação do serviço dos últimos anos.

E disse que a proposta dos 500 euros, feita pelo Governo, cria uma “situação de discriminação em relação aos médicos que não fazem urgência”, pelo que deve antes haver uma generalização (de aumento salarial) e a criação de condições para que a carga de trabalho exigida a um médico seja distribuída de forma sustentável.

(Notícia atualizada às 20h12)