Na reunião, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou uma resolução apresentada pela Rússia que condenava os ataques norte-americanos, franceses e britânicos na Síria, ao não garantir os nove votos necessários para a aprovação.
Pouco antes da reunião de emergência, a Rússia distribuiu um projeto de resolução em que pedia à ONU que condenasse a “agressão” armada ocidental contra um Estado soberano que viola, segundo Moscovo, "o Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas”.
Rússia, China, dois membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) e a Bolívia, membro não permanente, votaram pelo texto, oito países votaram contra e quatro abstiveram-se.
Na reunião, o embaixador da Rússia na ONU afirmou que os ataques ocidentais desta madrugada à Síria foram um “ato de agressão” contra um Estado soberano e acusou os Estados Unidos, o Reino Unido e a França de “hooliganismo diplomático”.
A Rússia, um aliado do regime sírio, é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o que lhe confere direito de veto. Os outros quatro membros permanentes são os Estados Unidos, o Reino Unido, França e a China.
A França anunciou em paralelo a apresentação em breve de uma nova resolução para ultrapassar “o impasse sírio”.
Entretanto, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que todos os 29 membros da Aliança apoiaram os ataques dos Estados Unidos, Reino Unido e França na Síria, na reunião do Conselho do Atlântico Norte que também se realizou hoje em Bruxelas.
Stoltenberg acusou a Rússia de ter deixado os países ocidentais sem alternativa, com a persistente obstrução das iniciativas tomadas no Conselho de Segurança da ONU.
Na reunião do Conselho do Atlântico Norte, Estados Unidos, Reino Unido e França informaram os aliados de que "a sua ação militar foi limitada às instalações que permitem a produção e emprego de armas químicas” e que a intervenção foi "muito bem sucedida".
Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, pediu hoje para ver as provas que Estados Unidos, França e Reino Unido dizem ter do alegado ataque químico contra Douma, que originou os ataques desta madrugada na Síria.
Já o Governo português disse, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, compreender as razões que levaram à intervenção militar e sublinhou que o regime sírio “deve assumir plenamente as suas responsabilidades”.
Num comunicado divulgado hoje, o gabinete de Augusto Santos Silva considerou “inaceitável o recurso a meios e formas de guerra que a humanidade não pode tolerar” e lembrou que os bombardeamentos, dirigidos apenas à capacidade de armamento químico da Síria, foram feitos por “três países amigos e aliados de Portugal".
Também o Presidente da República reagiu, esta manhã, ao ataque feito por "três amigos e aliados" e à compreensão manifestada pelo Governo português, afirmando que só a vontade de construir a paz permitirá caminhos de futuro.
Marcelo Rebelo de Sousa, que é também o Comandante Supremo das Forças Armadas, lembrou que o ataque foi limitado "a estruturas de produção e distribuição de armas estritamente proibidas pelo direito internacional e cujo uso é intolerável e condenável".
O PCP e o Bloco de Esquerda condenaram a ofensiva à Síria, com Jerónimo de Sousa a defender que Portugal se "demarque" dos ataques e Catarina Martins a comparar a investida à "guerra da mentira do Iraque", apelando à comunidade internacional para condenar a ação.
A ofensiva lançada esta madrugada pelos Estados Unidos, França e Reino Unido consistiu em três ataques, com uma centena de mísseis, contra instalações utilizadas para produzir e armazenar armas químicas, informou o Pentágono.
A ação militar foi uma retaliação ao alegado ataque com armas químicas lançado pelo Governo de Bashar al-Assad no dia 07 de abril, na cidade rebelde de Douma, em Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, onde morreram pelo menos 40 pessoas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, tinha avisado na quinta-feira, numa entrevista à televisão nacional francesa, ter provas de que o regime sírio usou armas químicas no ataque a Douma e afirmou que isso constitui uma violação de uma “linha vermelha” que podia levar a ataques ocidentais.
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