Depois do ataque químico de terça-feira ordenado pelo Presidente sírio, Bashar al-Assad, Donald Trump afirmou que a sua atitude face a Assad "mudou muito", tendo já o secretário de Estado, Rex Tillerson, em curso a criação de uma coligação para o remover.

Apesar disso, Tillerson disse hoje numa entrevista à televisão que a prioridade "realmente não mudou" e que esta é o combate ao grupo extremista do Estado Islâmico.

"Uma vez reduzida ou eliminada a ameaça, penso que podemos voltar a nossa atenção diretamente para a estabilização da situação na Síria", disse o governante à estação televisiva CBS.

O Secretário de Estado afirmou que espera poder impedir a continuação da guerra civil e levar "as partes à mesa para iniciar o processo de discussões políticas" entre o governo Assad e os vários grupos de rebeldes.

"A esperança é a de que possamos navegar num resultado político no qual o povo sírio possa reconhecer de facto a legitimidade de Bashar al-Assad", disse.

O embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, afirmou também que "remover Assad não é a única prioridade", explicando que contrariar a influência do Irão na Síria é outro. Ainda assim, Haley admitiu não prever um futuro pacífico na Síria com Assad no poder.

Os comentários de Tillerson e Haley sugerem que os ataques aéreos que Trump efetuou contra alvos militares na Síria para punir Assad pelo seu ataque químico, não representam um mudança imediata na estratégia norte-americana em relação à Síria.

Os Estados Unidos lançaram na madrugada de sexta-feira um ataque com 59 mísseis de cruzeiro contra a base aérea de Shayrat, de onde terão partido os aviões envolvidos no ataque com armas químicas que na passada terça-feira mataram pelo menos 86 pessoas em Khan Sheikhun, no noroeste do país.

O bombardeamento de terça-feira foi assumido pelas autoridades sírias que, no entanto, negaram ter usado armas químicas.

Na versão do regime de Bashar al-Assad, o ataque atingiu um depósito de armas químicas da Frente Al-Nosra, contrabandeadas para a província de Idleb a partir da fronteira com o Iraque e a Turquia, e que foram escondidas em zonas residenciais da zona.