A região de Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, é atualmente o principal bastião da oposição ao regime do Presidente sírio, Bashar Al-Assad, e nas últimas semanas tem sido visada por uma ofensiva do exército sírio e dos seus aliados, incluindo a aviação russa.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem vindo a monitorizar a evolução da guerra na Síria (que começou em 2011), precisou que os bombardeamentos da aviação russa mataram 64 pessoas na localidade de Kafr Batna, entre elas 13 menores.

As restantes vítimas mortais ocorreram em ataques contra Saqba e Harasta.

A fonte do Observatório, citado pela agência espanhola EFE, esclareceu que alguns dos cadáveres de Kafr Batna e Saqba, ambas sob controlo da facção islamita Legião da Misericórdia, estavam completamente calcinados, enquanto que outros apresentavam queimaduras.

O OSDH garante que os aviões russos utilizaram bombas de fragmentação (“cluster bombs”, uma bomba que se divide em muitas dezenas de projéteis explosivos), um tipo de munição proibida internacionalmente.

Estes projéteis estão carregados com uma substância denominada termite, composta por pó de alumínio e óxido de ferro, que causa queimaduras. A combustão desta substância dura até três minutos depois de ser lançada.

A bomba de fragmentação, com um peso de cerca de 500 quilos, tem um alcance entre 20 e 30 metros, e contém entre 50 e 110 projéteis, com termite no seu interior, indicou o Observatório.

Muitos dos projéteis que se separam do corpo principal da bomba não detonam imediatamente, representando um risco posterior para as populações civis.

Os bombardeamentos coincidem com a saída de milhares de civis de Ghouta Oriental. Muitas pessoas estão a abandonar a área sob controlo da Legião da Misericórdia através do corredor que as autoridades abriram em Hamuriya.

Na quinta-feira, cerca de 20 mil civis fugiram de Ghouta através deste corredor. O embaixador sírio na ONU, Bashar Ja’afari, estimou hoje em cerca de 40 mil o número de civis que já fugiram da região, através dos corredores “abertos pelo exército sírio, em coordenação com os seus aliados russos”.

Bashar Ja’afari falava numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Apesar deste número avançado pela diplomacia de Damasco, o exército sírio continua a exortar e a apelar aos civis para que fujam pelos corredores de segurança.

As mortes de hoje elevam para pelo menos 1.346 as vítimas mortais na ofensiva contra Ghouta (desde 18 de fevereiro), entre eles 270 menores e 173 mulheres.