“O governo português condena veementemente a violência que dura há vários dias na zona de Ghouta Oriental, perto da capital síria Damasco, que está a afetar de forma brutal a população civil, em particular mulheres e crianças”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, num comunicado enviado às redações.
Desde domingo passado, Ghouta Oriental, o último grande bastião da oposição ao Presidente sírio, Bashar al-Assad, perto da capital síria, tem sido cenário de intensos bombardeamentos.
Fontes da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) indicaram hoje à agência Lusa que os bombardeamentos e os ataques de artilharia síria contra este enclave rebelde fizeram pelos menos 500 mortos e 2.300 feridos desde domingo, incluindo dezenas de crianças. As mesmas fontes admitiram que estes números podem ser “muito superiores”.
“Os bombardeamentos levados a cabo pelas forças do regime de Bashar Al-Assad que estão a matar inocentes e a destruir indiscriminadamente infraestruturas civis devem cessar imediatamente e deve ser prestada a necessária ajuda humanitária à população civil”, sublinhou a nota da diplomacia portuguesa.
O ministério tutelado por Augusto Santos Silva apelou ainda “à contenção de todos os atores” envolvidos na guerra civil na Síria, bem como sublinhou que “não há uma solução militar para o conflito sírio”.
“O governo português pede a todas as partes que se comprometam de forma séria e empenhada no processo de diálogo de Genebra, sob os auspícios das Nações Unidas, por forma a encontrar-se uma solução pacífica e duradoura que traga a paz a todos os sírios”, referiu ainda a diplomacia portuguesa, frisando que Portugal manifesta uma “profunda solidariedade para com o povo sírio que é vítima de um conflito que dura há demasiado tempo”.
Os 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas negoceiam há mais de duas semanas e devem votar hoje uma resolução com vista a um cessar-fogo de 30 dias na Síria, que irá permitir nomeadamente a chegada da ajuda humanitária a Ghouta Oriental.
Na quarta-feira, diante do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a população de Ghouta Oriental, com cerca de 400 mil pessoas, “vive o inferno na terra”.
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos ‘jihadistas’, e várias frentes de combate.
Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 350 mil mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.
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