Depois do “enorme sucesso” da vacinação contra a covid-19 e a gripe, em que foram já administradas mais de 3,3 milhões de vacinas, Fernando Araújo defendeu a importância de aproveitar esta “máquina instalada” nas farmácias para alargar a outras vacinas do Programa Nacional de Vacinação (PNV), nomeadamente da vacina do tétano e da difteria.

“Há capacidade, há disponibilidade e acho que é uma via importante para aumentar essa adesão neste tipo de vacinas”, afirmou Fernando Araújo na Conferência “As Farmácias na Jornada da Saúde das pessoas”, promovida pela Associação Nacional das Farmácias (ANF), que apresentou o Livro Branco das Farmácias Portugueses, em Lisboa.

Citando dados dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), disse que, no ano passado, terão sido vacinados cerca de meio milhão de utentes com estas vacinas.

O diretor executivo do SNS adiantou que vão trabalhar com a DGS, do ponto de vista técnico e das normas, com o Infarmed, para regulamentação, com a Ordem dos Farmacêuticos e com as farmácias, para analisar a forma de o fazer.

“Mas temos todas as condições de também, no âmbito do PNV, no caso dos adultos, aumentar os locais de vacinação”, defendeu, salvaguardando que “os cuidados de saúde primários continuam a ser sempre um local aberto para esse fim”.

Contudo, disse, no caso da vacinação “não se podem perder oportunidades”.

“Quando um utente se desloca a uma consulta do médico de família ou vai ao enfermeiro de família, por alguma razão, temos sempre que avaliar se o plano de vacinação está ou não a ser cumprido, se não tiver oferecer essa resposta”, salientou.

Com o alargamento desta possibilidade às mais de 3.000 farmácias cria-se uma “capacidade única de chegar a quem por vezes” não se consegue chegar.

Além desta medida, a DGS tem estado debruçada sobre outras que pretende impulsionar em termos de agenda em 2024 e que se cruzam com algumas que estão no livro branco como a “intervenção terapêutica em situações clínicas ligeiras” pelas farmácias.

Neste momento, a DE-SNS está a fazer um trabalho de base com a Comissão Nacional de Proteção de Dados que “é imprescindível para esse fim”, esperando que no início de 2024 consigam estabelecer os parâmetros e as bases para esse fim.

Destacou também como medida “mais emblemática na área do VIH a possibilidade de as farmácias distribuírem ter acesso à PREP (profilaxia pré-exposição).

Este trabalho é no sentido de os farmacêuticos, mas também dos psicólogos e dos nutricionistas terem acesso “a partes do registo de saúde eletrónico” do utente, poderem ter acesso “a informação clínica valiosa para a sua atividade” e, simultaneamente, poder também fazer registo da sua atividade clínica no processo do utente, explicou.

Segundo Fernando Araújo, o que está a ser trabalhado com a Comissão Nacional de Proteção de Dados é a limitação das áreas que são críticas em termos de segurança para os utentes.

Revelou ainda que têm o objetivo de desenhar um projeto-piloto numa área geográfica delimitada com uma patologia como, por exemplo, as infeções do trato urinário baixo não complicadas em mulheres.

Este trabalho terá que ser feito com a DGS e com protocolos de diagnóstico, tratamento previamente validades.

“Queremos de uma forma controlada reduzir a pressão dos médicos de família e a procura que é desnecessária na urgência, quando há outro tipo de soluções que estão previstas ou disponíveis também no sistema de saúde”, defendeu.