Destinado a crianças e jovens entre os 7 e os 15 anos daquele que é considerado o bairro mais multicultural de Leiria, "Sob o mesmo céu" é uma iniciativa da associação InPulsar, que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian através da iniciativa PARTIS - Práticas Artísticas para a Inclusão Social para repensar o espaço público e quebrar barreiras sociais.

"Acredito muito sinceramente que os próximos três anos irão mudar o futuro deles e dessa forma se quebra um ciclo vicioso e um destino anunciado", disse o presidente da InPulsar, Miguel Xavier, na abertura, referindo-se ao público-alvo do projeto.

"Pretendemos desenvolver em cerca de 40 crianças as competências socioemocionais e aprendizagens para a inovação e habilidades para a vida. Com este projeto pretendemos dar-lhes a oportunidade de sonhar", acrescentou.

Segundo a coordenadora de "Sob o mesmo céu", este surge inspirado pela "enorme multiculturalidade" do bairro da Quinta do Alçada, que garante uma "potencialidade incrível".

Ali, onde a InPulsar desenvolve outro projeto há três anos, convivem portugueses, brasileiros, ucranianos, marroquinos e descendentes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

"Não há conflitos ou rivalidades entre comunidades. O que identificámos é que as pessoas coabitam sem grandes problemas, mas, por outro lado, não há sentimento de pertença e os laços de vizinhança não são muito fortes. Acreditamos que este projeto pode ajudar a mudar isso", sublinha Tânia Marques.

Através do envolvimento das estruturas criativas Casota Collective, Coletivo TIL e UIVO, pretende-se "valorizar um bocadinho o espaço público e desconstruir algumas ideias e mitos associados a esta zona, algumas representações sociais negativas que existem, e levar o bairro à cidade".

Artistas e crianças vão criar e instalar dez obras de arte na Quinta do Alçada, "desenvolvendo competências socio-emocionais e competências artísticas".

"Um dos desejos do projeto é que a quinta seja conhecida e a possam vir visitar pelos melhores motivos", realça a coordenadora.

Hoje, na apresentação na antiga capela do bairro, as crianças pintaram com 'spray', experimentaram instrumentos musicais, divertiram-se com o efeito "chroma key" em vídeo e construíram cabanas com caixas de cartão.

"A estes jovens vai abrir-se um manancial de práticas que os podem suscitar para outras", afirmou o diretor artístico Gui Garrido, que destaca "a grande abrangência artística" do desafio lançado pela InPulsar.

"Sob o mesmo céu" pretende que as crianças "tenham voz, possam passar da cabeça para o desenho no papel e depois isso seja construído".

"Nós somos os ajudantes para concretizarmos os sonhos delas", explicou, desejando que o percurso artístico a criar "reflita os sonhos, as vontades, os problemas e as soluções".

A primeira apresentação pública do projeto será em junho, no festival A Porta, para "criar pontes com o centro de Leiria ou outros pontos, quebrando barreiras invisíveis".