Segundo a agência Efe, que cita esta fonte, este aumento de mortes tornou este sábado no dia o mais sangrento desde o golpe militar de 01 de fevereiro.

As mortes ocorreram durante manifestações realizadas em cerca de 40 cidades em regiões e estados como Rangum, Mandalay, Sagaing, Bago, Magwe, Tanintharyi e Kachin, enquanto o número total de mortos já ultrapassou 400 nos últimos dois meses.

O balanço da junta militar dá conta, por sua vez, de 164 mortos.

O anterior balanço dos confrontos de hoje dava conta de pelo menos 20 mortes.

Em 01 de fevereiro, os generais birmaneses tomaram o poder alegando fraude eleitoral nas legislativas do passado mês de novembro e contestando a vitória da líder da Liga Nacional para a Democracia (LND), Aung San Suu Kyi.

Desde o golpe de Estado militar repetem-se nas ruas birmanesas as manifestações de protesto, ações que têm sido marcadas pela violência policial e do exército.

“Chegou novamente o momento de combater a opressão militar”, declarou um dos líderes dos protestos, Ei Thinzar Maung, na rede social Facebook.

“Em 27 de março, juntemo-nos para a revolução do povo, indo para as ruas”, reforçou o representante.

Na repressão policial e militar em Myanmar cerca de três mil pessoas já foram detidas desde o início de fevereiro, de acordo com organizações locais.

A convocação para sábado de novos protestos pró-democracia surge como um claro desafio ao poder militar, que comemora nesse mesmo dia o tradicional “Dia das Forças Armadas”.

Este dia é celebrado tradicionalmente como uma demonstração de força por parte dos militares, culminando com uma grande parada em Naypyidaw, a capital administrativa do país.

O dia comemora a data de 27 de março de 1945, quando o general Aung San – que seria mais tarde considerado como o líder da luta pela independência do país (de que foi chefe de governo) e o fundador da Birmânia moderna – liderou uma insurreição contra as forças de ocupação japonesas.

O general Aung San é o pai da chefe do Governo civil birmanês deposta e atualmente detida, Aung San Suu Kyi.

Na véspera desta efeméride, a sede do partido LND, em Rangum (capital económica), foi alvo de um ataque com um cocktail ‘molotov’, que provocou pequenos danos.

Desde o golpe de Estado militar, muitos deputados do LND vivem na clandestinidade e formaram um parlamento “sombra”, o Comité Representativo Pyidaungse Hluttaw (CRPH).

Também hoje, e como tem ocorrido em dias anteriores, protestos ou outro tipo de iniciativas de contestação e de homenagem às vítimas da repressão ocorreram em várias cidades birmanesas como Myeik (sul), Mandalay (centro), Monywa (centro) e Hpakant (norte).

Em Myeik, as forças de segurança dispararam fogo real contra os manifestantes, segundo imagens de vídeo a que a agência France-Presse (AFP) teve acesso e que confirmou a respetiva autenticidade.