O executivo de coligação entre os centristas, conservadores e nacionalistas, liderado por Juha Sipila, entrou em funções quando o país registava três anos consecutivos de recessão.
Cortes significativos foram aplicados na educação, saúde e prestações sociais e, segundo números oficiais, a economia recuperou, registando um crescimento médio anual de 2% e uma redução do défice público dos 3,2% de 2014 para 0,6% em 2018.
Os efeitos dos cortes fizeram-se sentir sobretudo entre os pensionistas, famílias com crianças, estudantes e desempregados, e as sondagens refletem o desagrado dos eleitores com o governo.
O mais castigado é claramente o Partido do Centro de Sipila, que na mais recente sondagem, divulgada na quinta-feira pela televisão Yle, deverá passar para quarta força política, com 14,5%, menos 6,6 pontos percentuais que nas eleições de 2015.
Em contrapartida, o Partido Social-Democrata (SDP), de Antti Rinne, que nas últimas legislativas teve o pior resultado da sua história, surge agora como partido mais votado, com 19%, o que, a confirmar-se, o coloca em posição de formar governo.
Os outros dois partidos do governo de Sipila — o Partido da Coligação Nacional (Kokoomus, conservador), do ministro das Finanças, Petteri Orpo, e os Verdadeiros Finlandeses (nacionalista) — são menos penalizados, alternando nas sondagens como segundo e terceiro partidos, com percentagens entre os 15,9 e os 16,3.
Os Verdadeiros Finlandeses, que foram expulsos do governo de coligação em 2017, parecem animados de um ‘terceiro fôlego’, que analistas atribuem ao endurecimento do discurso anti-imigração.
O partido foi uma formação marginal até às eleições de 2011, quando duplicou a sua votação, para os 19%, e tornou-se na terceira força política da Finlândia.
Nas legislativas de 2015, os Verdadeiros Finlandeses obtiveram 17,6%, com o voto sobretudo das classes trabalhadoras, e entraram para o governo de coligação de centristas e conservadores. Na altura, o partido tentou amenizar a sua imagem internacional, mudando o nome oficial em inglês para Finns Party (Partido dos Finlandeses), embora mantendo a designação Verdadeiros Finlandeses nas duas línguas oficiais, finlandês e sueco.
A meio da legislatura, marcada pela política de austeridade e pela chegada ao país de milhares de refugiados, o partido tinha perdido quase metade do apoio popular, registando 10% das intenções de voto.
Por essa altura, 2017, o deputado da ala mais radical e xenófoba do partido, Jussi Halla-aho, foi eleito presidente da formação, o que levou a um endurecimento da linha política e acabou com a expulsão dos Verdadeiros Finlandeses do governo e com uma cisão interna, com os moderados a formarem um novo partido, o Reforma Azul, que integrou a coligação governamental.
Na referida sondagem da Yle, os Verdadeiros Finlandeses recolhem 16,3% de votos e a Reforma Azul apenas 0,8%, arriscando ficar fora do parlamento.
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