Desde 1998 que não havia um congresso dos jornalistas. Porque demorou tanto tempo a acontecer?

Não sei porquê. Foi sempre uma situação que me inquietou muito e a meu favor tenho o facto de ter concorrido à direção do sindicato [dos jornalistas] com um grupo de gente que reivindicava isso. E, antes de concorrermos, pressionámos muitas vezes a anterior direção para se fazer, mas essa não era a visão. Aquilo que fizemos foi fazer e fazer de uma forma diferente, porque o congresso não pode ser uma prerrogativa do sindicato dos jornalistas, que não representa todos os jornalistas embora seja uma estrutura representativa da classe.

Que percentagem de profissionais é que o sindicato representa?

Uma estimativa é que represente ⅓ dos jornalistas com base nos números da carteira dos jornalistas.

E não é estranho que nos anos em que o jornalismo mais mudou não tenha havido nenhuma reunião de jornalistas?

É surreal … foi havendo encontros, o fórum dos jornalistas, mas estamos a falar sempre de grupos muito pequenos, umas 20 pessoas. É preciso dizer que parte do alheamento da classe resulta de desinteresse, por um lado, mas também de constrangimentos vários, falta de tempo, exigência de trabalho. É preciso tempo para refletir e para pensar, tem de haver disponibilidade e se se anda a fazer muitas contas de cabeça para pagar contas ao fim do mês, não se tem muita disponibilidade para refletir. Compreendo que isto aconteça, mas acho que as pessoas têm se empenhar mais, de se interessar mais.

"A profissão individualizou-se, já foi muito mais um coletivo, já foi muito mais uma classe."

Deixou de existir sentido de classe? 

A profissão individualizou-se, já foi muito mais um coletivo, já foi muito mais uma classe. Quando comecei a trabalhar, em 1999, havia esse ADN, esse sentido de pertença, mas também havia a questão da memória, da passagem de testemunho, que existia e que se perdeu totalmente.

O que provocou essa mudança? 

Houve uma clivagem muito grande provocada pela internet. No Público, onde comecei a trabalhar, éramos a redação do online numa redação que tinha as costas voltadas para a internet, que não queria ouvir falar sobre aquilo, que falava sobre direitos de autor - e não estou a dizer que não tivesse razão, perdemos essa batalha totalmente e é pena.

A internet é uma das razões pelas quais a profissão também se fragmentou?

Acho que em parte sim.

Porquê?

Porque pôs em conflito duas gerações, para não dizer três ou quatro que mudaram as relações profissionais. De repente, havia um grupo que não percebia nada do assunto [de internet] e muitas vezes não queria perceber, e havia um outro grupo que apareceu já com essa ferramenta. As gerações mais velhas perceberam que o futuro ia passar por aqui e que se calhar não iam ter lugar. Claro que muitas pessoas se adaptaram.

A internet fez também uma rutura no que respeita ao acesso à publicação. Deixou de haver uma barreira à publicação no global, e mesmo nos jornais deixaram de existir tantos crivos, desde o primeiro, que é do jornalista,  ao editor,  diretor, até ir para a gráfica. E mesmo na gráfica ainda se podia fazer alterações…

Democratizou-se tudo. Simplificou-se tudo. E democratizar tem vantagens e desvantagens, porque depois deu azo a criações surrealistas como é o jornalismo do cidadão que é um contra-senso nos termos. Ou se é jornalista ou se é cidadão, pode ser-se as duas coisas, mas um cidadão não é um jornalista. Porque para ser jornalista é preciso obedecer a uma série de coisas, respeitar uma série de outras. Dito isto, é muito importante que aconteça a participação dos cidadãos. Se acontece uma coisa num sítio onde é impossível um jornalista estar e há um cidadão que filma, que fotografa, acho que é uma boa base e a informação deve ser utilizada. É preciso é ser contextualizada, enquadrada e sobretudo sempre dizendo que não foi uma informação recolhida por um jornalista.

Nessa democratização e ainda antes das redes sociais, houve vozes que celebraram o facto de os jornalistas já não estarem sozinhos a publicar e o tom era de crítica implícita. Porque achas que esse sentimento existia ou existe?

Porque acham que somos uma classe de elite. Os jornalistas têm péssima imagem.

Porquê?

Não sei. Faço-me essa pergunta todos os dias porque não consigo perceber. E quando estou com gente inteligente também lhes pergunto para ver se alguém sabe…  Acho que as pessoas nos identificam como uma profissão que tem muito poder. Tem, provavelmente  já teve mais, mas tem. Tem o poder de selecionar, desde logo, esse poder é gigante. Não é só uma seleção individual, é uma seleção que está dentro de uma hierarquia. Podes fazer um texto bonitinho, como aconteceu com aquela história do i, e o título assassinar um texto que está bem do princípio ao fim… isso é um clássico.

Mas um diretor tem esse poder de vincular o jornal.

Há essa decisão coletiva, mas há uma esfera individual de cada jornalista poder fazer as coisas de uma determinada maneira, obedecendo obviamente àquilo que tem de obedecer. Quando decido com quem é que vou falar sobre determinado assunto, essa decisão é minha. O jornalista tem de ser mais paritário nas escolhas que faz, essa decisão é mesmo individual, eu faço-a todos os dias… dá trabalho? Ah pois dá? Mas, por exemplo, eu não ouço só homens para um trabalho que estou a fazer.

"Os jornalistas têm péssima imagem."

Tornou-se mais fácil publicar e, ao mesmo tempo, tudo se tornou muito rápido para não perder espaço para a concorrência. Por outro lado e por causa disso, o público corrige muito mais o que se publica ... 

É preciso perceber se é isso que justifica a má imagem que se tem  - porque temos de facto uma péssima imagem e isso tem de ser trabalhado, essa visão tem de ser trabalhada. É preciso mostrar à sociedade que ser jornalista hoje está longe de ser pertencer a uma elite. Temos de normalizar o jornalista e acho que isso vai acontecer neste congresso, nomeadamente com um estudo que sobre condições de trabalho. A pergunta de partida para este estudo que o sindicato fez com o ISCTE e é um estudo muito abrangente porque teve 1400 respostas validadas… a pergunta que eu tinha na cabeça foi feita e eu quero poder dizer à sociedade onde estou quanto é que um jornalista ganha para depois a seguir perguntar se acham normal.

E quanto é?

Fizemos vários intervalos e estamos a falar de valores líquidos sempre. Se estivermos a falar de menos de 300€, menos de 500€, menos de 700€ e menos de 1000€, temos quase metade dos jornalistas. Ou seja, 50% do universo está abaixo dos 1000 euros. Abaixo dos 300 estão à volta de 15%.

E o que é que pode exigir a um jornalista que ganha 300 euros ou menos?

Essa é a pergunta. Isso tem de ser mostrado em contrapeso com aquilo que se exige de um jornalista e com a responsabilidade social que esse mesmo jornalista tem. É que isto é uma questão de democracia, é grave, é muito grave. Tem de ser feito com cuidado - não pode parecer nunca que nos estamos a por em bicos dos pés. Há de haver muita gente a dizer “mil euros limpos? pffff … isso é o dobro do salário mínimo!”. Pois está bem, mas os deveres e responsabilidades desta profissão não são os mesmos do que outras profissões para as quais não são exigidas as mesmas qualificações, a questão é essa. É óbvio que eu adorava que o salário mínimo fosse superior para toda a gente, não estou a desvalorizar. A questão é que esta profissão é muito sensível de facto.

Na tua opinião, as pessoas têm consciência da exigência da profissão ou olham para o jornalismo como uma corrente de transmissão de alguma coisa que chegou feita ao jornalista e que ele publicou?

Acho que as pessoas acham isso. E não consigo perceber que exijam tanto e depois consumam tão pouco e o que consomem. Quando se faz um elevado consumo de determinados produtos e depois se critica determinadas abordagens, há aqui qualquer coisa que não bate certo. É o voyeurismo? É aquela pessoa que não quer dizer que compara aquele jornal mas afinal compra?

É assim em todos os mercados. No mercado inglês os jornais populistas também vendem mais que a imprensa considerada de referência …

Sim, mas depois não bate certo com as exigências que as pessoas fazem.

Sendo que os jornalistas estavam há 20 anos no topo das profissões confiáveis e estão hoje em dia bem pior …

Aconteceu aqui qualquer coisa... Tem a ver com esse acesso, com essa facilidade. O cidadão tornou-se supostamente mais informado, porque supostamente tem mais acesso. É supostamente, porque não acho que seja assim tão fácil, não é verdade, porque as pessoas esqueceram-se que é preciso filtrar e muito. Há muita coisa na internet, é um mundo sem fim, mas se não se filtra pode se ter uma informação e o seu contrário no mesmo dia. Esse filtro é o jornalista, o problema é que as pessoas agem como se isso não fosse preciso, sobretudo os mais novos.

Os políticos, os advogados e os jornalistas estão todos mais ou menos no mesmo pé - tem a ver com a descredibilização do sistema. Não se acredita no sistema de justiça, é normal que os advogados tenham aquela imagem, se as pessoas não acreditam na comunicação social e naquilo que representa, levamos todos por tabela por causa dos erros que alguns cometem.

"As pessoas fazem uma identificação exagerada do jornalista com o jornalista televisivo e o pivot em concreto ou a pessoa que é figura pública."

Nessa questão das elites, não será que para muitas pessoas a imagem do jornalista está associada exclusivamente à do jornalista de televisão, por ser o meio que mais consomem?

Acho que as pessoas fazem uma identificação exagerada do jornalista com o jornalista televisivo e o pivot em concreto ou a pessoa que é muito conhecida, que é figura pública. Identificam muito a história salarial com essas pessoas, porque há uma certa comunicação social que gosta muito de explorar essa parte. Podemos fazer muitos estudos a dizer que ganhamos em média x, que depois vem uma notícia de um pivot que ganha balúrdios de dinheiro e as pessoas acham que somos todos assim, o que é inacreditável. O campeonato dos pivots é uma coisa descoladíssima da realidade.

Como é que lidas, como jornalista e presidente do sindicato dos jornalistas, com o facto de existirem pessoas que fazem uma festa nas caixas de comentários quando há notícias de despedimentos na comunicação social?

Também conheço o outro lado, o da solidariedade. Mas esses comentários, há sempre, temos de viver com isso, tentar não os sobrevalorizar. É a mesma estratégia que uso em relação ao racismo, ao machismo …

E como lês os comentários de defesa do Trump, que dizem que ele é que vai colocar os jornalistas no lugar?

(como se ele não fosse uma pessoa do sistema)

Nós tratamos com a realidade e se as pessoas que lidam com a realidade acham que estamos à margem da realidade, temos mesmo um problema.

E achas que estamos à margem da realidade?

Em certa medida, estamos. Em certa medida, colocámo-nos aí. Mas não estamos todos. É muito injusto que todos sejamos postos no mesmo saco, é uma coisa que me chateia mesmo muito. Tudo o que for para separar o trigo do joio eu vou defender. Usamos muito pouco da denúncia entre nós, criticamo-nos muito pouco - criticamos, mas é tudo à boca fechada.

Somos corporativos?

Sim. Se fores perguntar à comissão da carteira quantas queixas há sobre a atuação do colega do lado, porque alguém se apercebeu que estava a fazer alguma coisa que não é certa, há pouquíssimas. Quantas queixas chegam ao conselho deontológico do sindicato? são muito poucas, de jornalistas muito poucas. Chegam de cidadãos, de pessoas que se consideram lesadas por uma informação.

Somos nulos na autocrítica - e isso é grave. Somos pouco diretos e frontais na crítica aos outros - até podes dizer, mas não levas até às últimas consequências. E depois não tens um sistema muito apropriado, a comissão da carteira é a lentidão que se sabe a aplicar sanções e regula muito pouco, a entidade reguladora vai pelo mesmo caminho, o conselho deontológico do sindicato o mais que pode fazer é uma sanção.

Tens uma realidade de quebra de publicidade e há muitas dúvidas que seja essa a principal receita no futuro. Neste mundo onde há menos dinheiro, como é que vês o papel do jornalista enquanto parte de uma empresa jornalística? 

Acho que devem ser parte e estar a par. Acho que a estratégia não é fluir, mas restringir.

E de que forma vês isso a acontecer?

As obrigações, a fronteira entre as áreas deve ser cada vez mais clara. Podes é ter uma série de outros profissionais que fazem o que têm de fazer para obter outras receitas, porque as empresas têm de viver de alguma coisa.

Mas se o produto é editorial não achas que a profissão fica mais salvaguardada quando está a par das fontes de receitas e de como se obtém? Quem melhor para defender o produto editorial do que os jornalistas?

Mas a fronteira tem de continuar a existir. Tem de estar tudo muito bem delineado e explicado. E não passa por colocar "coisas" no meio de textos. É muito abusivo. O produto em si não deve ter nada que seja jornalístico.

Mas o próprio congresso foi criticado por ter patrocínios. É tão válido para o congresso angariar patrocínios ou outras formas de apoio como para um jornal que tem um projecto especial que precisa viabilizar. Não fica melhor defendido sendo os jornalistas a definir essas fronteiras?

As coisas têm de ser transparentes para quem lê e usa a informação. A transparência dá credibilidade.

Como viste as críticas ao congresso por causa dos patrocínios?

Essa discussão já vem de 1998 e nessa altura havia uma série de empresas públicas que foram privatizadas entretanto, porque o país mudou. Agora quando olhas à volta e pensas em financiamento para uma coisa deste tipo, é complicado. E montar um congresso implica dinheiro, ainda por cima quatro dias, com convidados estrangeiros. Até pensei que as críticas fossem mais sobre o banco do que da fundação.

[o Congresso dos Jornalistas contou com vários apoios, destacando-se a Fundação Francisco Manuel dos Santos, o Santander e a Fundação EDP]

Por exemplo, a comissão europeia apoiou o congresso financiando a tradução simultânea e como contrapartida perguntou se achávamos bem distribuir uma pen com a informação que tem para jornalistas. Eu acho que é útil. O workshop da fundação é útil para jornalistas. Houve uma fronteira que foi estipular que dentro do espaço do congresso não existia publicidade, mas a fundação teve lugar para expor os seus livros. Foram jornalistas que escreveram aqueles livros, mas também há uma feira de livro com outros livros. O critério foi mostrar que os jornalistas fazem outras coisas interessantes além do trabalho diário.

Então a crítica é feita porquê?

A forma como eu vejo é que é uma crítica ideológica, porque a fundação tem a conotação que tem. Mas nós procurámos o apoio de várias fundações, desde logo a Gulbenkian e não conseguimos porque não quiseram. A EDP participa através da sua fundação. Se exigimos responsabilidade social, fica-nos mal não usar isso quando faz sentido. Um congresso que ainda por cima debatia serviço público.

A Fundação Francisco Manuel dos Santos disponibilizou-se a apoiar coisas muito concretas, como por exemplo tudo o que envolveu os estudantes e foram quase 100 estudantes a fazer cobertura do congresso. Não sei se as pessoas têm noção do que representa para os estudantes, mas é muito. A fundação patrocinou isso tudo, o alojamento, a vinda, etc. Acho que isso entra na responsabilidade social.

Então achas que é mesmo um tema ideológico dos jornalistas?

Acho que sim. É verdade que a fundação é um think tank que as pessoas entendem como …

É porque os jornalistas são uma profissão de esquerda?

É, provavelmente.

Mas achas que são?

Acho que sim. E acho que ainda bem - eu sou seguramente. Mas isso é um dos problemas com a sociedade em que se insere, porque o facto de ser tanto assim é visto como ter um olhar enviesado.

"Este não é a 100% o congresso que eu faria - olho para o programa e revejo-me em muitas coisas e noutras não."

Mas há aqui uma esquizofrenia: por um lado os jornalistas são uma elite e muito bem pagos, mas por outro lado são de esquerda e revolucionários …

Acho que essas críticas têm a ver com uma geração anterior, acho que os mais novos não se reveem porque são apolíticos e tenho pena. Tem vantagens e desvantagens. Tens mais abertura, mas também não tens posicionamento sobre nada. A outra geração também acha que tem a verdade toda na cabeça, porque viveu o que viveu. E se é algo que nunca farei é críticas que belisquem memória, história, passagem de testemunho e coisas super importantes que se passaram neste país. Este é o primeiro congresso promovido por três entidades muito abrangentes que representam a classe de certo modo, o sindicato, a Casa de Imprensa, o Clube dos Jornalistas. O congresso é sempre visto como sendo do sindicato - e não é. Estas três entidades tiveram o cuidado de por nas mãos de uma comissão organizadora independente que decidiu tudo. Eu estive presente, como esteve a Casa de Imprensa e o Clube dos Jornalistas, mas não fiz valer sempre aquilo que defendi. Foram sempre decisões democráticas, maioritárias. Ideologicamente esta comissão organizadora teve gente muito diferente, foi muito interessante o processo. O congresso é fruto do esforço de uma comissão independente presidida pela Maria Flor Pedroso. Este não é a 100% o congresso que eu faria - olho para o programa e revejo-me em muitas coisas e noutras não.

"Não deve ser tabu pensar-se numa contribuição, que hoje em dia já se dá à RTP."

Sobre a viabilidade económica da comunicação social, como é que vês o papel do Estado face ao que já está a ser feito noutros países? Faz sentido o Estado defender os media? Se sim, com que mecanismos?

Acho que faz sentido - a minha posição pessoal é que sim, não é a posição da direção do sindicato, porque ainda não refletimos coletivamente sobre isso. O jornalismo é uma missão, tem um caráter de serviço público seja prestado por públicos ou privados. Acho que é da responsabilidade do Estado olhar para o estado a que chegamos e perceber que não pode ficar tudo nas mãos do mercado que, como já se viu, tem falhado bastante. Não deve ser tabu pensar-se numa contribuição, que hoje em dia já se dá à RTP, que fosse geral para uma informação de qualidade e acessível a todos. Isto até era interessante do ponto de vista da responsabilização - quem é que achas que eu critico mais? a RTP? Porquê? Porque pago. Porque é que os nórdicos exigem tanto? porque pagam.

Mas depois tens plataformas globais, como Google, Facebook, etc, que não pagam nada e lucram muito …

Pois, vai ser interessante porque nisso estamos todos do mesmo lado, mas os patrões acordaram tarde. Há quanto tempo é que os jornalistas não falam de direitos de autor? Há muito tempo, desde que apareceu a internet. Perdemos essa batalha porquê? Porque eles nunca estiveram do nosso lado.

Mas achas que estão agora?

Acho que é uma batalha perdida, mas tem de se arranjar uma maneira de recuperar algo. Acho graça é que tenham acordado agora, porque agora é que mexeram com os seus milhões. A sério? Dá vontade de rir. Quem produz conteúdo alertou para isto há muito tempo. Mas só agora é que perceberam que há uns polvos gigantes que não controlam. Isto é trágico, mas dá vontade de rir. Essas empresas [internacionais, globais] têm muito peso, mas só existem porque há conteúdo e porque são consideradas credíveis do ponto de vista do negócio. Há coisas que se pode fazer que danificam a imagem deles, tem de se jogar com isso. Aliando isso a uma dimensão de responsabilidade social que todas têm, acho se deve exigir a essas empresas que financiem.

Mas deve ser responsabilidade social ou obrigatoriedade?

Acho que era mais interessante se fosse obrigatório, mas só se consegue com uma aliança de Estados.

O que gostavam que resultasse deste congresso?

Desde logo, o compromisso que se faz outro. Que não se espere outros 20 anos. E que não resulte em compromissos que na prática que resultaram em muito pouca coisa. Orientar para a ação.