Em entrevista à SIC, Jaime Marta Soares disse que “se os sócios disserem que querem que continue”, referindo-se ao presidente do Conselho Diretivo, cuja destituição será votada na AG de sábado, só tem “uma coisa a fazer: marcar eleições para o Conselho Fiscal e para a MAG”, não apresentando uma recandidatura à Mesa.

“Eu não serei candidato a nada, a única coisa que quero fazer é levar a bom porto aquilo que é o exercício da minha função, é o que digo desde a primeira hora”, atirou.

Lembrando um parecer jurídico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que atesta a legitimidade para a nomeação por parte do presidente do órgão de uma comissão de Gestão, o presidente demissionário voltou, depois, a apelar a Bruno de Carvalho para que compareça na sessão de sábado, na Altice Arena.

Marta Soares rejeitou ainda a proposta do presidente do Conselho Diretivo, que hoje tinha oferecido a possibilidade de um debate entre os dois, explicando que não está “contra ninguém, só numa função que é a de fazer cumprir os estatutos”.

“Não faço parte de nenhuma fação nem de nenhum grupo. (...) Não tenho nada que debater com Bruno de Carvalho”, atirou.

Segundo o presidente demissionário da MAG, “os sócios do Sporting e os portugueses em geral estão intoxicados com tudo o que se tem falado”, acabando por, mais tarde, descrever a discussão que se tem gerado como “muito franca e aberta”, e confessou que a discussão com os sócios, antes da votação para a destituição do Conselho Diretivo, deve incluir Bruno de Carvalho.

“A AG é um fórum de discussão e quero que fique claro que esteja ou não esteja Bruno de Carvalho impedido de falar, porque está suspenso, apelo-lhe que vá à AG, dizer tudo o que tem para dizer. Vou deixá-lo falar o tempo necessário para apresentar os seus pontos de vista”, acrescentou.

Quanto à segurança da Assembleia Geral, os sócios podem “ir à vontade”, uma vez que está “tudo garantido”, num sítio “onde as pessoas podem ir descansadas, sem problemas”, sendo que a votação vai ser feita “em urnas transparentes, à frente de toda a gente”, numa AG que, afirmou, vai “dignificar e honrar esta grande nação sportinguista”.

Na segunda-feira, fonte da MAG disse à Lusa que os elementos do órgão se tinham reunido naquele dia no Altice Arena com funcionários do clube e forças de segurança para preparar "ao pormenor" a sessão de sábado, na qual os sócios poderiam votar com segurança e transparência.

A crise institucional no clube desencadeou-se após as agressões sofridas por vários elementos do plantel e da equipa técnica em 15 de maio, na Academia do Sporting, em Alcochete, levadas a cabo por cerca de 40 pessoas encapuzadas, dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.

Depois destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.

Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.

O CD, que não reconhece legitimidade a esta decisão, criou uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma AG ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios, e marcou uma AG eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.

Dando provimento a uma providência cautelar interposta pela MAG, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa considerou ilegal a comissão transitória da MAG nomeada pela direção do Sporting, bem como as reuniões magnas por esta marcadas.