“Quando as pessoas que estão na política e na vida pública aproveitam, muitas vezes, os êxitos do futebol para se promoverem a si próprios, eu acho que naturalmente estão a criar dificuldades a tentar resolver o problema. Resolver o problema é guardar distâncias e, com essa distância guardada, ter a autoridade moral e a autoridade ética para encontrar soluções”, defendeu o líder social-democrata, à entrada para a reunião do Partido Popular Europeu, em Sófia (Bulgária).
Rui Rio esclareceu não estar a falar especificamente do primeiro-ministro, António Costa, mas sim “dos agentes políticos dos partidos quase todos”.
“Há uma queda natural de quem está na política de se tentar encavalitar nos êxitos futebolísticos. Misturam-se com essa componente extraordinariamente emocional e nada racional, quando nós na política temos de fazer um esforço de racionalidade”, acrescentou.
O presidente do Partido Social Democrata lembrou o seu exemplo enquanto presidente Câmara Municipal do Porto, quando ‘vetou’ a presença do FC Porto na varanda dos Paços do Concelho, nas nove vezes em que o clube foi campeão durante os cerca de 12 anos do seu mandato (entre 2002 e 2013).
“Acho que havia uma promiscuidade [entre política e futebol] muito grande antigamente. Depois, no início do século XXI, admito que o meu exemplo possa ter sido positivo e houve uma certa separação. Tenho notado que, nos últimos anos, tem havido outra vez a tendência dessa ligação e a tentação de ganhar popularidade política à custa do futebol, que eu acho uma coisa perigosíssima. E depois dá nisto”, analisou.
O presidente do PSD alertou para uma “escalada” que é “absolutamente insuportável”, e acrescentou que, se nada for feito, um episódio como o da Academia de Alcochete se vai repetir.
Questionado sobre que medidas poderia o Governo aplicar para evitar novos casos de violência no futebol português, Rui Rio não quis pronunciar-se. “Deve ser debatida, por agentes políticos e desportivos, uma atitude que acabe com isto”, concluiu.
Na terça-feira, cerca de 50 pessoas, de cara tapada, alegadamente adeptos ‘leoninos’, invadiram a Academia de Alcochete e, depois de terem percorrido os relvados, chegaram ao balneário da equipa principal de futebol, agredindo vários jogadores, entre os quais Bas Dost, Acuña, Rui Patrício, William Carvalho, Battaglia e Misic e membros da equipa técnica.
A equipa principal do Sporting cumpria o primeiro treino da semana, depois da derrota no terreno do Marítimo (2-1), que relegou a equipa para o terceiro lugar da I Liga, iniciando a preparação para a final da Taça de Portugal, no domingo, frente ao Desportivo das Aves.
Na sequência do ataque, a GNR deteve 23 suspeitos, apreendeu cinco viaturas ligeiras, vários artigos relacionados com os crimes e recolheu depoimentos de 36 pessoas, entre jogadores, equipa técnica, funcionários e vigilantes ao serviço do clube.
O Governo já repudiou os incidentes na Academia, que considerou atos de vandalismo e criminosos e o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou-se "vexado porque Portugal é uma potência, nomeadamente no futebol profissional, e vexado pela gravidade do que aconteceu”,
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