“A CGTP [Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses] condenou, e bem, este atentado ao direito à greve e nós apelámos, também à UGT [União Geral de Trabalhadores] para marcarem uma greve geral”, afirmou à agência Lusa André Pestana.
O coordenador do STOP lembrou que, sendo as duas centrais sindicais as únicas que podem marcar uma greve geral, que “o façam para quanto antes, de preferência ainda para este mês”, sendo que “foi enviado hoje o apelo” para as duas estruturas.
No seu entender, “pode ser marcada ainda para fevereiro, havendo essa vontade”, já que ao STOP cabe “fazer um apelo construtivo para que isso aconteça, porque todos os setores profissionais estão a sofrer”.
“A CGTP, que se manifestou por causa dos serviços mínimos, então, que seja consequente e que marque então uma greve geral, para defender a escola pública, que é transversal a todas as profissões”, destacou.
Mas também, continuou André Pestana, “porque esta greve geral devia dizer, claramente, ao Governo que deve deixar de priorizar os milhares de milhões de euros para os banqueiros e para as parcerias público-privadas ruinosas”.
Dos três pontos que saíram da reunião, que se realizou durante todo o dia de sábado em Coimbra, com mais de uma centena de representantes de comissões sindicais, um é para “afirmar que, apesar dos serviços mínimos a greve vai continuar”.
Um último ponto, acrescentou, é que foi feito “um apelo aos organizadores da manifestação de docentes de 11 de fevereiro para juntar as reivindicações dos não docentes”.
No entender do coordenador do STOP, “a unidade entre os docentes e não docentes é que fez do mês de janeiro, um dos maiores meses de sempre de luta na área da educação”, em Portugal.
“Esta unidade tem feito tremer o poder e fez com que o Presidente da República tivesse dito, há uns dias, um recado para o Governo, algo como Bruxelas diz que há alguma margem orçamental para ceder em algumas coisas mais difíceis”, referiu.
Na mesma semana, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou também que “há um momento em que a simpatia que de facto há na opinião pública em relação à causa dos professores pode virar-se contra eles”.
Questionado pela agência Lusa sobre as palavras do chefe de Estado, André Pestana foi perentório ao dizer que “o senhor Presidente da República e os políticos também têm de perceber que a simpatia que têm da população também pode mudar”.
“Ou seja, os profissionais da educação, quem trabalha e vive do seu trabalho, também pode achar que a simpatia por um Presidente da República que assiste a grandes injustiças como esta da degradação da escola pública e um ataque ao direito à greve e que, aparentemente, se mantém neutral, pode também mudar”, afirmou.
Neste sentido, André Pestana citou “o prémio Nobel da Paz Desmond Tutu [o antigo arcebispo emérito sul-africano e ativista] que dizia uma frase fantástica: a neutralidade perante uma injustiça é escolher o lado do opressor”.
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