O preço da carne de porco, a principal fonte de proteína animal na cozinha chinesa, quase duplicou, e puxou a inflação em todo o setor alimentar, agravando os efeitos da desaceleração da economia chinesa e de uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos.

O preço da carne de porco subiu 97%, em relação ao mesmo mês do ano passado, apesar do aumento das importações e da colocação no mercado pelas autoridades de dezenas de milhares de toneladas de carne suína que mantêm em reserva.

Os preços dos alimentos subiram, no conjunto, 17,4%, fixando a inflação em 4,5%, acima da meta oficial definida pelo Partido Comunista Chinês, de 3%, no maior aumento desde 2012.

A China produz e consome dois terços da carne suína do mundo, mas o país teve que abater milhões de porcos, após um surto de peste suína que se espalhou por todo o continente chinês, gerando também efeitos inflacionários no resto do mundo, à medida que os importadores chineses compram mais na Europa, Estados Unidos ou Brasil.

Em outubro passado, o Departamento de Agricultura dos EUA previu que a produção de carne suína da China em 2020 cairá 25%, em relação ao ano anterior. A diferença, de 12 milhões de toneladas, seria equivalente a quase toda a produção anual nos EUA.

O fenómeno tem beneficiado também os produtores portugueses.

“É uma loucura total: eu arrisco-me a dizer que, para 2020, já tenho os porcos todos vendidos”, disse à agência Lusa, em outubro passado, o diretor comercial do matadouro português Maporal, Marco Henriques.