“Cerca de 7.600 crianças fogem todos os dias das suas casas no Sudão, que vai no sétimo mês de conflito, causando horror e destruição na maior parte do país, com um oitavo das crianças atualmente deslocadas”, afirmou a Save the Children.
A ONG explicou, através de um comunicado, que dezenas destes deslocados procuraram ajuda urgente junto do pessoal médico e de proteção da Save the Children por terem sido expostas a “violência sexual horrível, ferimentos que mudaram a sua vida ou perturbações psicológicas agudas”.
O Sudão é palco da “maior crise de sempre de crianças deslocadas, com três milhões de crianças, de uma população de quase 23 milhões, a fugir da violência desde meados de abril de 2023 para procurar refúgio em campos, escolas, centros de deslocação ou em casas de familiares”, refere a organização.
Os dados mais recentes estimam que cerca de 350.000 crianças foram deslocadas entre o início de outubro até 15 de novembro de 2023, “este número inclui crianças que já tinham sido deslocadas anteriormente, mas que foram forçadas a procurar segurança pela segunda ou terceira vez”.
Segundo a ONG, os ataques violentos a aldeias e cidades estão a obrigar os pais a fugir para proteger os filhos da “violência sexual, rapto, recrutamento, mutilação ou morte”.
O diretor da Save the Children para o Sudão, Arif Noor, afirmou se assiste a “níveis de violência horrendos no Sudão. As violações dos direitos humanos são graves, generalizadas e contínuas, mas a crise está a ser completamente ignorada. Prevalece uma atmosfera de impunidade”.
A guerra, que resultou de divergências profundas entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF) no dossier relativo à integração do grupo paramilitar nas forças armadas, fez descarrilar o processo de transição que se arrasta desde o derrube de Omar Al Bashir, em abril de 2019, após 30 anos no poder.
Este confronto já causou milhares de mortos e mais de 7,1 milhões de deslocados internos no Sudão, tornando-o o país com o maior número de deslocados internos do mundo, segundo as Nações Unidas.
As partes mantiveram recentemente conversações na Arábia Saudita, mas não chegaram a acordo sobre um cessar-fogo.
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