Num vídeo gravado em Omdurman - um dos distritos do Estado de Cartum - e citado pela Associated Press (AP), a agência refere que os manifestantes exigem responsabilidade aos implicados na repressão contra os protestos iniciados em dezembro.
Segundo os organizadores, mais de 250 pessoas morreram desde o início da revolta contra o então chefe de Estado do país, Omar al-Bashir.
Os militares derrubaram al-Bashir em abril, mas os manifestantes continuaram a fazer-se ouvir nas ruas sudanesas, pedindo uma transição para uma liderança civil depois de o Conselho Militar de Transição (CMT) ter assumido a liderança do país.
No início de junho, as manobras de repressão na principal manifestação contra o CMT provocaram a morte a pelo menos 128 pessoas, segundo os manifestantes, sendo que este número foi rejeitado pelas autoridades, que o colocam em 61, incluindo três membros das forças de segurança.
O grupo Forças para a Declaração da Liberdade e Mudança, que representa os manifestantes, afirmou hoje num comunicado que as suas manifestações rejeitam qualquer colocação de partidos políticos num futuro Governo de transição.
No início do mês, o conselho militar e o movimento pró-democracia alcançaram um acordo de partilha de poder, que detalha o período de transição até uma liderança civil.
O acordo estabelece uma liderança conjunta entre civis e militares durante um período de três anos, durante o qual serão organizadas as próximas eleições.
Nos primeiros 21 meses, o conselho soberano será chefiado por um líder militar, sendo que nos 18 meses seguintes será substituído por um líder civil.
O movimento de contestação deverá nomear membros do governo, com os dois lados a acordar um corpo legislativo dentro dos três meses seguintes ao início da transição.
Na semana passada, as duas partes assinaram uma declaração política que assinala os contornos do acordo, sendo que a segunda parte do acordo - um acordo constitucional que especifica a divisão de poderes durante o período de transição - ainda não foi assinado.
O acordo representa uma cedência de uma das principais reivindicações dos manifestantes, que exigiam uma passagem imediata do poder para os civis.
O ex-chefe de Estado do Sudão Omar al-Bashir foi destituído pelo Exército em 11 de abril, depois de mais de quatro meses de contestação popular, inicialmente motivada pelo aumento dos preços do pão e de outros bens essenciais. Os protestos acabaram por transformar-se num movimento contra o Presidente, que liderava o país desde 1989, quando chegou ao poder através de um golpe de Estado.
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