Segundo a primeira-ministra da Letónia, Evika Silina, o seu Governo recebeu informações de que “um cabo de dados que liga a Letónia à Suécia foi danificado no Mar Báltico”, na zona económica exclusiva da Suécia.
“Estamos a trabalhar em conjunto com os nossos aliados suecos e com a NATO no incidente, incluindo a patrulhar a área e a inspecionar os navios que lá se encontram”, adiantou a primeira-ministra, acrescentando que “as autoridades aceleraram a troca de informações e iniciaram uma investigação criminal” sobre o caso.
O seu homólogo sueco, Ulf Kristersson, confirmou, nas redes sociais, que “pelo menos um cabo de dados”, propriedade de uma entidade letã, foi danificado, adiantando que “a Suécia contribuirá com as suas capacidades relevantes para os esforços de investigação do alegado incidente”.
A NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciou, há duas semanas, a criação de uma missão para proteger as infraestruturas submarinas, a “Baltic Sentry”, depois de uma série de incidentes no Mar Báltico que aumentaram as preocupações sobre possíveis atividades russas na região.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reagiu ao incidente de hoje, manifestando a sua “total solidariedade” para com os dois países da União Europeia.
“A resiliência e a segurança das nossas infraestruturas críticas são uma prioridade máxima”, sublinhou, comprometendo-se a “melhorar a deteção, prevenção e reparação” deste tipo de incidentes com os seus parceiros internacionais.
Ao anunciar a nova operação, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, lembrou que mais de 95% do tráfego da Internet está protegido por cabos submarinos, e 1,3 milhões de quilómetros de cabos garantem cerca de 9,5 mil milhões de euros em transações financeiras todos os dias.
Em todos os pontos da aliança “vemos elementos de uma campanha para desestabilizar as nossas sociedades através de ataques cibernéticos, tentativas de assassínio e sabotagem, incluindo de cabos submarinos no Mar Báltico”, sublinhou na altura.
A sabotagem registada nos últimos meses dos cabos submarinos foi considerada pela vice-presidente da Comissão Europeia para a Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia como “claros exemplos” de ataques russos contra a União Europeia (UE).
“Qualquer dano em infraestruturas críticas é muito grave para a transmissão de dados, gás e eletricidade. Isto cria mais tensão geopolítica e é um sinal claro dos ataques da Rússia à União Europeia”, disse na semana passada Henna Virkkunen, num debate no Parlamento Europeu sobre estes incidentes.
Virkkunen recordou que o último “incidente grave” aconteceu no dia de Natal e afetou cabos de transmissão de eletricidade entre a Finlândia e a Estónia.
“O ataque aos cabos de dados submarinos não tem um impacto muito grave nas telecomunicações, mas tem repercussões graves para a região [báltica] em causa e para a União Europeia no seu todo”, apontou a vice-presidente.
A política sublinhou que tais ações “podem causar graves danos, o que seria muito significativo para a segurança ambiental e marítima na União Europeia”.
Comentários