O governador do estado brasileiro do Espírito Santo, Renato Casagrande, anunciou através das redes sociais que a prisão ocorreu na manhã de hoje e explicou que a sua equipa de segurança dará os “detalhes da operação” ao longo do dia.

“Que sirva de lição para aqueles que insistem em praticar um crime brutal, cruel e inaceitável desse tipo”, escreveu o governador na rede social Twitter.

O suposto violador, de 33 anos, estava no estado de Minas Gerais. O acusado é tio da vítima e, segundo a menina, já vinha cometendo abusos sexuais há pelo menos 4 anos.

O caso que chocou o Brasil veio à tona na semana passada, depois que a menina ter sido internada num hospital na cidade de São Mateus, interior do Espírito Santo, com fortes dores abdominais. Os médicos constataram que ela estava grávida há cerca de três meses.

Na última sexta-feira, a Justiça brasileira autorizou a menina a passar por um procedimento de interrupção da gravidez, permitido no Brasil apenas em casos de violação, se a gestante estiver em risco de morte ou quando o feto apresentar anencefalia ( má formação do cérebro caracterizada pela ausência total do encéfalo e da caixa craniana do feto).

Para fazer o procedimento a menina foi transferida para um hospital na cidade de Recife, capital do estado de Pernambuco, após uma equipa médica do Espírito Santo se ter recusado a realizar o aborto.

A repercussão do caso nos ‘media’ locais também reacendeu a polémica sobre o aborto no Brasil, país que possui legislação muito restritiva a esta prática.

Vários ativistas pró e contra o aborto reuniram-se no último domingo em frente ao hospital onde a menina de 10 anos realizou o aborto, e alguns grupos religiosos até tentaram invadir a maternidade do centro médico, gritando que o médico e a paciente eram assassinos.

Apesar de se tratar de um processo que corre em segredo de justiça, o hospital e o nome da menina tornaram-se conhecidos após serem divulgados pela ativista de extrema-direita Sara Giromini, que se autodenomina “Sara Winter”, que está em liberdade condicional após ser presa por ameaçar juízes do Supremo Tribunal Federal (STF).

Sara Giromini divulgou a identidade da menina nas redes sociais, o que pode constituir uma infração penal e por isso a Justiça determinou que todas as publicações feitas por ela fossem excluídas.

Por sua vez, o Ministério Público Regional do Espírito Santo abriu um inquérito sobre supostas pressões de grupos religiosos, evangélicos e católicos, que tentaram persuadir a família da menina a não realizar o aborto.