A manifestação começou no campus da faculdade de Thammasat, palco, em 1976, de um massacre onde dezenas de estudantes pró-democracia foram mortos pela polícia, apoiada por milícias fiéis à monarquia.

Os manifestantes, que mantiveram três dedos erguidos (um sinal de desafio que contempla três exigências dos manifestantes: novas eleições, alterações à constituição e o fim das perseguições), dirigiram-se depois à emblemática praça de Sanam Luang, um campo de cerimónias da realeza, em frente ao famoso Grande Palácio, onde alguns pretendem pernoitar.

Uma nova marcha está prevista para domingo, no centro da capital.

No final da tarde de hoje, a polícia contabilizava mais de 15.000 manifestantes, enquanto os organizadores referiam “dezenas de milhares de pessoas”.

“É a maior manifestação desde o golpe de 2014″ que levou ao poder o primeiro-ministro Prayut Chan-O-Cha, depois legitimado numas eleições controversas, afirmou à agência de notícias AFP, uma das figuras do movimento, Parit Chiwarak.

“É uma viragem na história do país”, referiu um outro manifestante, um professor de 29 anos chamado Patipat.

O protesto, que tem desfilado nas ruas quase diariamente desde o verão, reúne principalmente jovens, estudantes e moradores da cidade. Mas também inclui ativistas do movimento “camisas vermelhas”, próximo do ex-primeiro-ministro no exílio, Thaksin Shinawatra.

“Os jovens deste país não veem futuro”, disse, em comunicado hoje divulgado, Thaksin Shinawatra, derrubado por um golpe de estado há 14 anos, sem apoiar explicitamente os manifestantes.

No cerne das reivindicações conta-se o fim das perseguições a adversários políticos, a dissolução do parlamento e renúncia de Prayut Chan-O-Cha e uma revisão da Constituição de 2017, considerada demasiado favorável ao exército.

Alguns dos manifestantes vão mais além, pedindo mudanças no sistema monárquico, uma reivindicação inédita no país onde, apesar de várias quedas de regimes (12 golpes de estado desde 1932), a monarquia permaneceu sempre intocável, protegida por uma das mais severas leis de lesa-majestade do mundo.

“O nosso objetivo não é destruí-la, mas modernizá-la, adaptá-la à nossa sociedade”, explicou Panusaya Sithijirawattanakul, outra figura do movimento.

As suas exigências passam pela não ingerência do rei nos assuntos políticos, a revogação da lei de lesa-majestade e a devolução ao Estado dos bens da Coroa.

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