Num comunicado, o Gabinete de Investigação Criminal de Taiwan (CIB, na sigla inglesa) sublinhou que este é o primeiro caso de cooperação policial com Portugal, através do Ministério da Administração Interna português.
O alegado líder do grupo, um taiwanês de apelido Hsi, terá decidido em março montar uma operação de fraude eletrónica em Portugal, país onde os cidadãos de Taiwan podem entrar sem visto.
De acordo com a imprensa de Taiwan, o homem gastou dois milhões de dólares taiwaneses (57 mil euros) para recrutar 19 taiwaneses, a maioria dos quais jovens desempregados ou com problemas financeiros, que recebiam um salário de 25 mil dólares taiwaneses (714 euros), juntamente com parte dos lucros da operação.
Segundo o CBI, alguns dos membros do grupo faziam-se passar por funcionários de uma empresa de telecomunicações da China continental, procurando convencer as vítimas de que o seu telemóvel estava a ser usado para enviar mensagens de “spam”.
Outros membros ligavam mais tarde fazendo-se passar por agentes da polícia e do Ministério Público chineses, avisando que a conta bancária da vítima iria ser congelada e exigindo a transferência do dinheiro para uma conta controlada pelo grupo.
De acordo com a imprensa de Taiwan, em apenas uma semana as vítimas terão perdido mais de três milhões de dólares taiwaneses (86 mil euros).
Em maio passado o CBI recebeu informação sobre este grupo e, em cooperação com a polícia portuguesa, detetou a base desta rede em Cascais.
Nesse mesmo mês a polícia portuguesa lançou uma operação no terreno que resultou na detenção de 19 suspeitos e na apreensão de nove computadores, nove tabletes e 24 telemóveis.
No entanto, Hsi e um alegado cúmplice só foram apanhados pela polícia de Taiwan na segunda-feira, na cidade de Zhubei, no noroeste de Taiwan.
Dos 19 suspeitos detidos em Cascais, apenas um aceitou ser julgado em Portugal, sendo que os restantes foram já extraditados para Taiwan.
Nos últimos anos têm sido detetadas várias redes de burlões da China continental e de Taiwan que a partir de África, do sudeste asiático e da Oceânia se faziam passar por polícias e funcionários governamentais.
Em vários destes casos cidadãos de Taiwan acusados de fraude foram deportados para a China continental, algo que suscitou o protesto das autoridades de Taiwan.
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