Apesar de Tajani ter frisado que nunca haverá um herdeiro de Berlusconi, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros converte-se no primeiro secretário do partido após a sua fundação em 1994, apesar de ser o único nome da lista desde a morte de “Il Cavaliere” (“O Cavaleiro”), em junho de 2023.
“Sinto uma grande responsabilidade sobre os meus ombros. Nunca serei Maradona como Sílvio Berlusconi, mas darei tudo. Tentarei que este movimento implique um grande número de pessoas. Envolverei os responsáveis locais e respeitarei escrupulosamente as regras do nosso movimento político”, disse Tajani após a sua eleição.
O congresso do FI também elegeu a nova direção, que inclui a deputada e coordenadora Milán Cristina Rossello, a presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do Senado, Stefana Craxi, e o vice-presidente da Comissão Antimáfia e coordenador da FI Puglia, Mauro D’Attis, entre outros.
O partido fundado por Berlusconi, magnata italiano que ocupou por três vezes o posto de primeiro-ministro, é atualmente a terceira força, em peso eleitoral, da coligação de direita no poder, após os Fratelli d’Italia (Irmãos de Itália, FdI, extrema-direita) da primeira-ministra Giorgia Meloni e a Liga de Matteo Salvini.
A nova direção terá o difícil desafio de mobilizar o partido e sobreviver à morte de Berlusconi, após ter obtido pouco mais de 8% dos votos nas legislativas de 2022, atrás dos seus aliados.
O segundo dia do congresso partidário também foi assinalado pela intervenção da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, que defendeu a necessidade de reformas e mudanças: “Nunca como agora necessitámos de uma Europa forte […]. Força Itália e força Europa.”
Na abertura do Congresso, Tajani disse que o partido necessita de “obter o maior consenso possível” nas eleições regionais, apesar de o principal desafio eleitoral estar reservado para as europeias de junho, em que o partido ambiciona um resultado mínimo de 10% dos votos expressos.
Sendo o Força Itália o único partido do atual Governo italiano (de direita e extrema-direita) a integrar o Partido Popular Europeu (PPE), a maior família política e que deverá voltar a ser a mais votada no conjunto da União Europeia nas eleições de junho, Tajani deverá reforçar a mensagem de que “quanto mais forte o Força Itália for, mais forte é a Itália na Europa”, e contará em Roma com o apoio de vários ‘pesos pesados’ das fileiras do PPE.
Muitos analistas concordam que o grande desafio de Tajani é não permitir a fuga de eleitorado do Força Itália para outras forças atualmente mais populares e mais à direita – como é o caso do Irmãos de Itália, vencedor das eleições nacionais em 2022 – e tentar conquistar o voto ao centro, dos moderados, aos quais o novo líder do Força Itália já tem ‘piscado o olho’.
“Há um grande espaço entre Elly Schlein [a líder da oposição e secretária-geral do Partido Democrático, de centro-esquerda] e Giorgia Meloni, e nós queremos ocupá-lo”, assumiu Tajani, à partida para o congresso.
No entanto, muitos analistas consideram quase impossível a Tajani fazer esquecer a figura de Berlusconi, que fundou o partido à sua imagem e à frente do qual foi primeiro-ministro em três Governos (1994-95, 2001-2016 e 2008-2011).
Ainda antes da morte de Berlusconi, o Força Itália já estava em evidente declínio, tendo passado de perto de 30% dos votos nas legislativas de 2001 para 8% em 2022.
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