Em 30 de agosto de 2021, um minuto antes da meia-noite, o último soldado norte-americano partiu do aeroporto de Cabul, pondo fim à mais longa intervenção militar dos Estados Unidos, que começou em resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. O governo dos talibãs decretou feriado o dia de hoje, mas a maioria dos residentes da capital, Cabul, ficaram em casa, de acordo com o relato da agência noticiosa francesa AFP.

Algumas centenas de apoiantes do regime concentraram-se na Praça Massoud, perto da antiga embaixada dos Estados Unidos em Cabul, para gritar “morte à América”, “morte aos ocupantes” e “viva a liberdade”.

“Estamos felizes por Alá se ter livrado dos infiéis no nosso país e que o Emirado Islâmico [Talibã] tenha sido estabelecido”, disse Zalmai, um farmacêutico em Cabul, à AFP. Nas ruas da capital, os talibãs ergueram bandeiras a celebrar as vitórias contra três potências em períodos diferentes da história do Afeganistão: Reino Unido, União Soviética e Estados Unidos.

“A bandeira do Islão voa alto. Estamos felizes por viver sob a bandeira do Islão”, disse o combatente talibã Ahmad Omari à AFP.

Desde o seu regresso ao poder, os talibãs impuseram em grande parte a interpretação ultra rigorosa do Islão que caracterizou o seu primeiro governo, entre 1996 e 2001, com restrições particularmente duras à liberdade das mulheres. O regime talibã ainda não foi reconhecido por nenhum país.

Em comunicado, o governo disse que o feriado assinalou o primeiro aniversário da “libertação do país da ocupação americana”.

“Tantos ‘mujahidin’ [combatentes do regime] foram feridos, tantas crianças ficaram órfãs e tantas mulheres ficaram viúvas”, disse no comunicado.

O desfile militar decorreu na antiga base aérea de Bagram, a cerca de 40 quilómetros a norte de Cabul, o centro nevrálgico das forças norte-americanas durante a guerra.

Depois da passagem de grupos de combatentes, foram exibidos vários veículos militares, incluindo os ‘Humvee’ blindados norte-americanos, e tanques de artilharia, apreendidos durante a guerra ou abandonados por forças estrangeiras durante a caótica retirada em agosto de 2021.

O aniversário já tinha sido assinalado na terça-feira à noite, com fogo-de-artifício e com muitos talibãs a disparar tiros para o ar e a buzinar em cortejos automóveis em Cabul.

A guerra provocou a morte de dezenas de milhares de afegãos, e de mais de 2.400 soldados norte-americanos e mais de 3.500 militares de outros países da NATO, segundo dados dos Estados Unidos citados pela AFP.

Duas semanas antes da retirada, os talibãs tomaram o poder numa ofensiva-relâmpago a nível nacional contra as antigas forças governamentais treinadas pelos ocidentais.

A NATO assumiu o comando da força internacional em 2003, que no seu auge chegou a ter no Afeganistão 130.000 militares de 50 países, incluindo Portugal.

Com 38 milhões de habitantes, o Afeganistão enfrenta uma das piores crises humanas do mundo, de acordo com as Nações Unidas.

A situação gravou-se quando milhares de milhões de dólares em ajuda externa, que tinha sustentado a economia afegã durante décadas, foram subitamente cortados após a saída dos Estados Unidos.

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