“Temos de entrar em contacto com as autoridades em Cabul, quaisquer que sejam. Os talibãs ganharam a guerra, por isso temos de falar com eles, de modo a encetar um diálogo tão cedo quanto possível”, afirmou o Alto Representante da UE para a Política Externa, numa conferência de imprensa.
Segundo Borrell, é necessário para prevenir um potencial desastre humanitário e migratório”, evitar “o regresso da presença terrorista estrangeira no Afeganistão”, outra questão no topo da agenda da UE, e para garantir a proteção dos direitos humanos e, em especial, das mulheres e raparigas.
Ao mesmo tempo, garantiu, a UE estará particularmente “vigilante relativamente às obrigações internacionais” daquelas que são as novas autoridades afegãs.
Quando interpelado pela única correspondente afegã em Bruxelas, que implorou em lágrimas que a União Europeia não reconheça oficialmente o novo regime talibã, Borrell esclareceu que não se trata de um reconhecimento formal, mas sim a necessidade de entrar em contacto com quem está no poder agora em Cabul.
“Não disse que vamos reconhecer os talibãs, só disse que temos de falar com eles para tudo, até para tentar proteger mulheres e raparigas. Até para isso temos de entrar em contacto com eles”, afirmou, deixando a garantia de que a UE vai utilizar toda o seu “poder económico e político” na defesa do povo afegão e dos direitos humanos.
Por fim, quando questionado sobre se acredita que os talibãs mudaram ao longo dos últimos 20 anos, tal como proclamam, Josep Borrell respondeu que, “aparentemente, parecem os mesmos, mas falam melhor inglês”.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a “vida, propriedade e honra” vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
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