"Todas as comissões de inquérito que sirvam para esclarecer o que não está esclarecido nós estamos evidentemente de acordo", disse André Silva, que falava aos jornalistas após uma viagem de comboio na Linha do Vouga, que começou em Santa Maria da Feira e acabou em Espinho, no distrito de Aveiro.
Apesar disso, o porta-voz do PAN vincou que aquilo que se está a assistir na campanha, relativamente ao caso de Tancos, que levou à acusação do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, "é uma politização de um processo judicial e, de alguma forma, um aproveitamento político que serve quer à esquerda quer à direita para desviar as atenções da campanha".
André Silva, que quer centrar a campanha no debate de propostas, voltou a frisar que se os partidos "estão tão interessados com o caso de Tancos" deviam explicar aos portugueses quais "as propostas que têm para que estes casos não se voltem a repetir", referindo que o PAN "é o único partido" a falar de propostas concretas em matéria de transparência e corrupção.
"Aquilo que se está a passar - a ser verdade o que alegadamente o Ministério Público diz ao acusar um ex-governante de ter mentido numa comissão de inquérito - é grave. Não escondemos isso. Agora, parece-nos que não vai ser neste preciso momento que se vai instituir uma comissão de inquérito e vai esclarecer tudo o que se está a passar em torno deste caso", acrescentou.
Para o porta-voz do PAN, "não faz sentido desgastar um sistema democrático cada vez mais desacreditado", considerando que os cidadãos afastam-se da participação "exatamente por causa destes casos".
Ainda sobre a possibilidade de uma nova comissão de inquérito, André Silva recordou que o PAN, neste momento, não tem lugar em comissões por ter apenas um deputado, sendo importante o partido reforçar a sua representação parlamentar para "poder estar presente e contribuir para estes trabalhos nas comissões de inquérito".
O cabeça de lista do PAN por Lisboa referiu que "uma noite eleitoral boa" é uma noite em que o partido aumenta a sua representação, sentindo nos últimos tempos um "apoio e carinho cada vez maior" por parte dos portugueses.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, mostrou na sexta-feira "toda a disponibilidade" para uma nova comissão de inquérito ao caso de Tancos e hoje a líder do CDS-PP, Assunção Cristas anunciou a sua intenção de apoiar uma segunda comissão de inquérito parlamentar, após as eleições de 06 de outubro.
O Ministério Público acusou esta semana 23 pessoas, entre elas o ex-ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, suspeito de envolvimento numa operação encenada pela PJM para a recuperação do material furtado, mediante um acordo de impunidade aos autores do furto.
Os arguidos são acusados de crimes como terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.
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