Catarina Martins falou com os jornalistas a bordo de um comboio entre Faro e Lisboa, numa altura em que já havia notícias, mas ainda não era conhecida oficialmente a acusação do Ministério Público ao ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, de abuso de poder, denegação de justiça e prevaricação no caso de Tancos.
"Como digo, este é um problema que não vem de agora, é um problema que tem um tempo longo, talvez até longo demais. Não me parece que ajude ninguém que, em período de campanha eleitoral, um processo que é longo seja utilizado nessa mesma campanha, quando não conhecemos os dados todos", disse.
Tal como já tinha afirmado na quarta-feira, a líder bloquista insistiu que, "para o Bloco de Esquerda este não é um tema de campanha eleitoral".
"Em Portugal ninguém está acima da lei e a justiça deve fazer o seu trabalho, apurar todas as responsabilidades e todas as consequências", defendeu.
Perante a insistência da comunicação social, Catarina Martins afirmou que tendo um "enorme respeito pelo trabalho de investigação que é feito pelos jornalistas e achando esse muito importante", também sabe "muitas vezes como as fugas do segredo de justiça podem ser parciais".
"Nós não sabemos. E sobre o que não sabemos não nos vamos pronunciar", justificou.
Assumindo o risco de se repetir, a líder do BE reiterou que "este caso está na justiça há algum tempo".
"Eu leio as notícias, lemos todos, mas continuo a achar que devemos esperar pela justiça. Todas as responsabilidades devem ser apuradas, numa democracia toda a gente é responsabilizada, mas é a justiça que deve fazer o seu trabalho", declarou.
Questionada sobre se acha que "os portugueses devem fazer justiça nas urnas", Catarina Martins respondeu sinteticamente: "eu não confundo o que não deve ser confundido".
O Ministério Público acusou no total 23 arguidos no caso do furto e da recuperação das armas do paiol da base militar de Tancos.
Os arguidos foram acusados de crimes como terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.
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