Segundo um comunicado da Procuradoria-Geral da República enviado às redações, no inquérito no qual decorreram as detenções, “investigam-se as circunstâncias em que ocorreu o aparecimento, em 18 de outubro de 2017, na região da Chamusca, de material de guerra furtado em Tancos”.

"No âmbito de inquérito dirigido pelo Ministério Público, coadjuvado pela Polícia Judiciária, e na sequência de diligências hoje desencadeadas, foram efetuadas detenções. Entre os detidos estão militares da Polícia Judiciária Militar e da Guarda Nacional Republicana e um outro suspeito", refere o documento.

Acrescenta a nota que foram também realizadas buscas em vários locais nas zonas da Grande Lisboa, Algarve, Porto e Santarém.

Escreve o Correio da Manhã (CM) que um dos detidos foi do coronel Luis Augusto Vieira, diretor da Polícia Judiciária Militar. Numa nota enviada ao SAPO24, a Procuradoria-Geral da República esclarece que não houve qualquer detenção na presença da Procuradoria-Geral da República e do diretor do DCIAP, como referido pelo CM. "Nos termos do art.º 22  do  Estatuto dos Militares das Forças Armadas, a detenção de militares no ativo, fora de flagrante delito, 'é requisitada aos seus superiores hierárquicos pelas autoridades judiciárias', procedimento que foi seguido.", refere a nota que não refere o nome dos detidos.

À Lusa,  fonte da GNR adiantou que três militares do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé, incluindo o seu chefe, estão entre os detidos . A fonte do Comando-Geral da GNR adiantou ainda que estão a decorrer buscas no núcleo de investigação criminal da Guarda Nacional Republicana de Loulé. Foi confirmado pela Lusa de que um dos detidos foi o sargento Lima dos Santos, comandante da GNR de Loulé.

Em causa estão factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas.

Na operação "Húbris" participaram 5 magistrados do Ministério Público e cerca de uma centena de investigadores e peritos da Polícia Judiciária.

O inquérito corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). O Ministério Público é coadjuvado pla Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária, a qual contou com a colaboração de diversas unidades da PJ, nomeadamente o Laboratório de Polícia Científica.

Os detidos serão presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa para aplicação das medidas de coação.

O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

Em 18 de outubro, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado da base de Tancos no final de junho, à exceção das munições de 9 milímetros.

Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do material que tinha sido furtado, o que foi desvalorizado pelo Exército e atribuído a falhas no inventário.

[Notícia atualizada às 15h07]