“Não tenho conhecimento do documento entregue hoje no DCIAP”, disse António Costa, em resposta ao líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, no parlamento, em Lisboa.
Questionado depois sobre se o ministro Azeredo Lopes tinha conhecimento do documento, o primeiro-ministro acrescentou: “a informação que tenho é que não tinha conhecimento”.
Em declarações à RTP, o tenente-general Martins Pereira, ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa e atual adjunto do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas para o Planeamento e Coordenação, disse que o seu advogado entregou hoje no DCIAP a “documentação verdadeira”.
“A documentação verdadeira foi entregue hoje no início da tarde, no DCIAP, pelos serviços do meu advogado”, disse Martins Pereira, citado pela RTP.
Face ao esclarecimento do primeiro-ministro, Fernando Negrão considerou “muito estranho que um chefe de gabinete não transmita uma informação desta importância” ao ministro.
Dirigindo-se ao deputado do PSD, António Costa admitiu estar “verdadeiramente curioso” sobre a opinião de Fernando Negrão em relação ao documento, questionando: “não querendo eu acreditar que teve acesso a documentos em segredo de justiça, como sabe se o documento é importante ou não é importante?”.
“O que é que sabe que não nos quer contar? Um dia todos haveremos de saber o que é que cada um sabia sobre esta história”, disse o primeiro-ministro.
À RTP, Martins Pereira disse que o documento que entregou ao DCIAP se refere à operação de recuperação do material roubado em Tancos e que lhe foi entregue pelo ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, major Vasco Brazão, e pelo coronel Luís Vieira, ex-diretor daquela polícia, numa reunião no seu gabinete.
No passado dia 04, Martins Pereira admitiu à Lusa o encontro com os dois militares em novembro passado. Sem se referir a qualquer documento, acrescentou que nunca “descortinou” qualquer facto que indiciasse irregularidade ou indicação de encobrimento dos culpados do furto de Tancos.
António Costa acusou Fernando Negrão de “falta de sentido de Estado” afirmando-se “chocado” por “verificar que, desde 1975, que não se verificava a partidarização das Forças Armadas”.
“Não é partidarização, é cuidado”, recusou Fernando Negrão, insistindo que perante um furto “daquela gravidade” deveriam ter sido retiradas consequências ao nível da hierarquia militar e da tutela política “para o apuramento de todas as responsabilidades disciplinares e políticas”.
António Costa apelou para que se desse “tempo” à Justiça para fazer o seu trabalho e que se “respeite o normal funcionamento das instituições judiciárias” para que investigue quer o furto, quer a recuperação do material.
Comentários