Por se tratar de um assunto de Estado, Jerónimo de Sousa, num palanque alternativo e já fora do palco do comício noturno da campanha das legislativas da CDU, que junta comunistas e ecologistas, fez uma declaração aos jornalistas, sem espaço para perguntas, sobre a polémica do processo judicial e acusações hoje conhecidas, nomeadamente do ex-ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes em virtude de eventual encobrimento da operação de recuperação do material de guerra.
"Se tivesse sido feito o que o PCP defendeu a situação teria sido diferente. Ou seja, primeiro concluir a investigação e só depois criar a comissão de inquérito. Ninguém nos acompanhou nesta posição, incluindo o CDS. Não temos duas caras como o CDS", afirmou.
Para o líder comunista, "havendo condenação, há outro facto que tem de ser apurado: se o ex-ministro prestou ou não falsas declarações perante a comissão de inquérito", sem nunca se referir às atuações do primeiro-ministro, António Costa, ou do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em todo o caso.
"Seja qual for o governo, seja do PSD/CDS ou do PS a justiça tem de ter condições para trabalhar e apurar todas as responsabilidades. Ninguém pode esconder gravidade do que está em causa. Apurem-se todas as responsabilidades, em particular as que resultam das gravíssimas acusações que são imputadas ao ex-ministro da Defesa. A justiça deve decidir", defendeu.
Hoje mesmo, em Leiria, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, comparou o caso Tancos a uma "telenovela" ou "série da Netflix" que deixou a esquerda "muito incomodada".
Pela manhã, a líder centrista acusara o executivo socialista e o PS de "encobrir criminosos" e impedir "a justiça de funcionar" e como foram democratas-cristãos a insistir na abertura da comissão de inquérito sobre o furto de Tancos no parlamento, Cristas afirmou que "o tempo veio dar razão ao CDS" e usou isso para justificar o voto no seu partido a 06 de outubro.
O relatório do inquérito parlamentar sobre Tancos, aprovado em 03 de julho em sessão plenária da Assembleia da República, com os votos contra do PSD e do CDS-PP, excluiu qualquer responsabilização direta do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes e do primeiro-ministro, António Costa, apenas admitindo que "não ficou provado" que tenha havido interferência política na ação do Exército ou na atividade da Polícia Judiciária Militar.
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