O chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas realçou que "está em curso uma investigação criminal" e acrescentou que “há que esperar que decorra e apure toda a verdade”.
“Eu desde o início tenho defendido isso. Portanto, vamos esperar para ver quais são as conclusões”, afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa falava no final de uma iniciativa comemorativa da implantação da República, no cemitério de Loures, depois de questionado pelos jornalistas se ficou satisfeito com as explicações do ministro Azeredo Lopes, que negou hoje "categoricamente" ter tido conhecimento de qualquer "encobrimento" na recuperação do material militar desaparecido do paiol de Tancos.
O Presidente da República escusou-se a revelar se já falou sobre este assunto com o primeiro-ministro, António Costa.
Interrogado se, enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas mantém a confiança no ministro da Defesa, respondeu: "Vamos aguardar a conclusão deste processo, desta instrução criminal em curso, e, em função dos factos apurados e das responsabilidades eventualmente suscitadas, depois será possível formular um juízo preciso, concreto e específico acerca da matéria".
O Expresso noticiou hoje que o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM), major Vasco Brazão, disse ao juiz de instrução do caso de Tancos que, "no final do ano passado, e já depois de as armas terem sido recuperadas, deu conhecimento ao ministro da Defesa, juntamente com o diretor daquela polícia, coronel Luís Vieira, da encenação montada em conjunto com a GNR de Loulé em torno da recuperação as armas furtadas" do paiol nacional de Tancos.
Em Bruxelas, o ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, negou que isso tenha acontecido.
"Queria dizer categoricamente que é totalmente falso que eu tenha tido conhecimento de qualquer encobrimento neste processo. Não tive conhecimento de qualquer facto que me permitisse acreditar que terá havido um qualquer encobrimento na descoberta do material militar de Tancos", afirmou.
De acordo com fontes do processo, citadas pelo semanário na sua edição 'online', Vasco Brazão declarou no tribunal ter entregado pessoalmente no final do ano um memorando com a explicação de toda a operação ao chefe de gabinete de Azeredo Lopes, acrescentando que o chefe de gabinete contactou telefonicamente o ministro, à frente dos dois militares da PJM, para o informar da situação.
Entretanto, em resposta ao Expresso, o primeiro-ministro afirmou: "Desconheço em absoluto o que tenha sido dito por qualquer pessoa em qualquer depoimento, que aliás presumo que esteja em segredo de justiça".
"Conheço o que de modo inequívoco o ministro da Defesa Nacional já declarou em público e que não suscita qualquer quebra de confiança", acrescentou António Costa.
Questionado pelos jornalistas se ficou satisfeito com as explicações do ministro Azeredo Lopes, o Presidente da República começou por dizer que a sua posição sobre esta matéria "é sempre a mesma, é a de que está em curso uma investigação criminal".
Depois, referiu que "irá estar também em curso uma comissão parlamentar de inquérito" e repetiu que se deve aguardar pelo apuramento do que aconteceu "em termos de factos e em termos de responsabilidades".
"Vamos aguardar as conclusões desta investigação criminal que está em curso. E depois, em função disso, será possível falar", reiterou.
Marcelo Rebelo de Sousa nada quis dizer sobre a reação do primeiro-ministro à notícia do Expresso, nem revelou se já falou com o primeiro-ministro ou se tenciona falar sobre este assunto na reunião semanal.
"Eu não vou dizer mais. Sabem que em matéria de Forças Armadas e defesa nacional sou parco de palavras, mas sou, sou parco de palavras", retorquiu.
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