Numa intervenção no debate de atualidade no plenário da Assembleia da República, Azeredo Lopes não respondeu a perguntas dos deputados para que esclarecesse as suas afirmações numa entrevista na qual disse que "no limite, pode não ter havido furto", aludindo à ausência de provas.
"Em síntese, e sem prejuízo de críticas legítimas, o Governo fez o que devia ter feito e num tempo muito curto", disse, no final de uma intervenção em que revelou que o Exército abriu "três processos disciplinares" e que o esvaziamento dos paióis nacionais de Tancos começou no passado dia 14, com a colaboração da PSP e da GNR.
Os processos disciplinares foram abertos pelo Regimento de Engenharia n.º 1, que tinha a responsabilidade da guarda dos paióis na altura, na sequência do processo de averiguações interno.
Quanto às perguntas dos deputados do PSD e do CDS-PP sobre "o que se sabe e o que não se sabe" relativamente ao "furto de material militar" em Tancos, Azeredo Lopes insistiu que "são do domínio da autoridade judiciária competente" e que "o inquérito encontra-se em segredo de justiça".
"Por muito que se insista, este apuramento não pode ser substituído por processos de averiguações, que têm um objeto e função diferentes", declarou, citando, em seguida declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no passado dia 04 de setembro, em que se manifestou preocupado com o tempo das investigações.
O ministro da Defesa adiantou que foram decididos "investimentos imediatos" na sequência da avaliação das condições de segurança das instalações de armazenamento de material, nomeadamente, um milhão de euros nos paióis de Santa Margarida e 500 mil euros em 16 unidades do Exército.
Quanto a medidas "a médio e longo prazo", o ministro da Defesa adiantou que determinou, através de despacho, várias medidas, destacando a criação de um "sistema de informação comum para controlo efetivo de material sensível, que garanta a informação necessária e o controlo de acesso a informação".
Azeredo Lopes sublinhou que os relatórios que lhe foram entregues pelos ramos e pela Inspeção de Defesa Nacional foram classificados como "secretos" por "quem os realizou" e não pelo ministério, invocando "matérias sensíveis de âmbito de Segurança Nacional aí tratadas".
A violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois 'paiolins', e o desaparecimento de granadas de mão ofensivas e munições de calibre nove milímetros foram divulgados pelo Exército no dia 29 de junho.
[Notícia atualizada às 18.48. Corrige, no quarto parágrafo, o nome do regimento que tinha a responsabilidade da guarda dos paióis, que é o Regimento de Engenharia e não o de Infantaria]
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