“Não foram partilhados connosco elementos que nos levem a reavaliar a situação para aumentar o nível de ameaça em Portugal”, afirmou a embaixadora Graça Mira Gomes, numa audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional, sobre o caso do furto de armamento, em junho de 2017.
Graça Mira Gomes, que coordena os serviços portugueses, precisou que “o nível de ameaça mantém-se moderado”, tendo em conta quer a avaliação feita pelos Serviços de Informação de Segurança (SIS) também através da partilha de informações com organizações congéneres.
A secretária-geral do SIRP recusou-se a "traçar cenários" neste processo, dado que os serviços "não estão envolvidos no processo" que, recordou por várias vezes, está em segredo de justiça.
"Neste momento, são tudo cenários e não vale a pena partilhar hipóteses", acrescentou.
Sem entrar em pormenores e sem responder a muitas perguntas concretas dos deputados da oposição, a ex-embaixadora da OSCE afirmou genericamente que o facto de existir armamento "à solta" gera "sempre potencialidades de utilização e de dano".
“O processo está em segredo de justiça. Não posso desenvolver mais sobre o assunto”, disse, por duas vezes, quando questionada, por exemplo, sobre a "caixa a mais" com material militar encontrada quase um ano depois do furto.
Graça Mira Gomes escusou-se, por exemplo, a dizer se o material em falta, que o Ministério Público invocou, é ou não um risco para a segurança interna.
"Não posso dizer por que o fizeram", disse.
E à pergunta, insistente pelo CDS, através de António Carlos Monteiro, mas também de Pedro Roque, do PSD, quando e por quem soube o SIRP da recuperação do material, afirmou que foi informada de forma célere pela Polícia Judiciária, "mal esta soube".
O PS, através de João Soares, destacou a parte em que a secretária-geral do SIRP garantiu que o furto de Tancos não levou ao aumento do nível de ameaça e defendeu que não se deve contribuir para o alarme social.
Apesar de não ter intervenção direta nas investigações em curso, Graça Mira Gomes prometeu que os serviços de informações vão "estar atentos" a este problema.
A audição no parlamento ao general Rovisco Duarte, pedida pelo CDS-PP, e às secretárias-gerais do Sistema de Segurança Interna e do Sistema de Informações da República, requeridas pelo PS, tinham sido aprovadas no passado dia 17, todas com caráter de urgência.
As iniciativas foram apresentadas na sequência de uma notícia da edição do Expresso de 14 de julho, referindo que há mais material militar em falta entre aquele que foi recuperado pela Polícia Judiciária Militar, na região da Chamusca, depois do furto de material de guerra dos paióis nacionais de Tancos, em junho de 2017.
Citando partes de acórdãos do Ministério Público relativos à investigação judicial ao furto de Tancos, o jornal Expresso noticiou que além das munições de 9mm, há mais material em falta entre o que foi recuperado na Chamusca, como granadas de gás lacrimogéneo, uma granada de mão ofensiva, e cargas lineares de corte.
Esse material em falta representa, segundo a mesma exposição do Ministério Público, “um perigo para a segurança interna”.
No requerimento a solicitar a presença de Rovisco Duarte no parlamento, o CDS-PP sublinhou que as “informações tornadas públicas” pelo semanário Expresso “contrariam as afirmações prestadas” pelo general em outubro de 2017 relativamente à recuperação do material militar furtado na base de Tancos.
Comentários