A TAP refere que, na sequência dos testes e análises desenvolvidos a par com a Airbus, após uma análise a situações de desconforto identificadas por alguns clientes dos A330neo, "foram detetados odores em apenas alguns voos", não havendo “qualquer correlação" entre os odores na cabine e os "episódios de indisposição relatados".

De acordo com a TAP, os resultados dos teste indicam ainda que a "qualidade do ar a bordo dos A330-900neo está dentro de todos os limites recomendados".

A Airbus diz ter em curso “inquéritos técnicos” para apurar as causas do cheiro estranho, nomeadamente ao nível do sistema de ar condicionado, para as quais “já tomou medidas corretivas”.

“Temos em curso uma investigação intensa, e a análise fornecida por um laboratório independente e reconhecido demonstrou a ausência de contaminação perigosa do ar”, refere a Airbus, acrescentando que as medições também não demonstraram qualquer excesso de limites toxicológicos.

No que se refere os sintomas de desconforto de cabine esporádicos, a Airbus está a trabalhar em “estreita colaboração” com o operador que os sinalizou, ou seja, a TAP.

Os episódios de desconforto sinalizados pela tripulação estão a ser controlados e analisados pela Airbus e partilhados com a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (AESA), refere ainda a empresa, acrescentando a sua disponibilidade para fornecer uma “rápida solução” para as preocupações em torno da qualidade do ar dos aparelhos.

O Diário de Notícias noticiou hoje que a Airbus detetou problemas com óleo no motor e no sistema de ar condicionado dos aviões da TAP, problemas que estão na origem dos cheiros estranhos que têm sido detetados nos novos A330neo.

Segundo o jornal, que cita também uma carta da Airbus à TAP, a empresa detetou falhas nos novos aviões, reconhece esses problemas, mas adianta que já adotou duas medidas mitigadoras deste efeito, tanto em terra como durante a descolagem do avião.

Na sexta feira, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) disse que as “preocupações permanecem” nos casos de náuseas na TAP, “uma vez que continuam a ser reportados episódios de mal-estar a bordo”.

A estrutura sindical reagiu em comunicado a informações da TAP, que na quinta-feira, enviou uma carta aos colaboradores a garantir a segurança das novas aeronaves A330neo, depois de episódios de náuseas e odores estranhos entre tripulação e passageiros.

“O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil vem, no seguimento das últimas informações avançadas que indicam que não foram encontradas a bordo quaisquer substâncias que possam constituir um perigo para a saúde dos tripulantes, nem registo de insuficiência de oxigénio, sublinhar que as preocupações permanecem, uma vez que continuam a ser reportados episódios de mal-estar a bordo”.

A estrutura sindical adiantou ainda que “continuará a monitorizar esta situação e aguarda conclusões adicionais com o anunciado reforço das análises a bordo”.

Ainda assim, de acordo com o SNPVAC, “aguardar não significa inação. A ponderação da posição que venha a tornar-se necessária não está afastada uma vez que nada mudou para melhor”, referiu o sindicato, sem dar mais detalhes.

A TAP garantiu na quinta-feira passada, também numa carta a que a Lusa teve acesso, que testes efetuados a bordo dos novos A330neo não encontraram “a bordo quaisquer substâncias que possam constituir um perigo para a saúde dos tripulantes e dos passageiros”, nem “registo de insuficiência de oxigénio”.

Segundo a empresa, foi instalado “um equipamento ‘Aerotracer’, com vista à análise e identificação de ar contaminado por diferentes agentes na cabina do avião”.

“Dos 20 voos realizados com o ‘Aerotracer’ instalado, apenas em dois deles foram registados episódios pontuais de cheiros” identificados, mas “em níveis residuais” que estão muito abaixo dos valores limite de referência” em termos de qualidade do ar da cabine.

“Salientamos que, esta semana, na totalidade dos voos realizados, houve um decréscimo de eventos reportados relativamente à semana anterior, o que revela uma evolução muito positiva”, garantiu a TAP, anunciando que ainda esta semana iria instalar um ‘Aerotracer’ em outro avião “e obter um equipamento extra, no futuro próximo, com o objetivo de ter uma amostra mais abrangente e célere da qualidade do ar na frota A330-900neo”, lê-se na missiva.

Já no que diz respeito “aos episódios reportados de mal-estar na cabina temos vindo a seguir os casos reportados em conformidade com as práticas adotadas e de acordo com os padrões recomendados”, garantiu a companhia aérea.

“Registamos que, à data, não existem casos identificados que tenham necessitado de cuidados médicos de maior urgência, sendo que a totalidade dos casos assistidos na UCS [Unidade de Cuidados de Saúde] apresentou apenas sintomas transitórios e exames sem alterações. Dos reportes recebidos na empresa, 12 tripulantes deslocaram-se à UCS, o que representa 0,5% face ao total de tripulantes que já voaram nos A330-900neo”, destacou a empresa.