Na audição que hoje decorre na comissão parlamentar de inquérito à TAP, no período de inquirição da deputada do BE Mariana Mortágua, Humberto Pedrosa explicou que quer ele quer David Neeleman entraram cada um com cinco milhões de euros para aquisição da companhia aérea.

“Para a capitalização da TAP teve um empréstimo da Airbus e foi o dinheiro que ele [David Neeleman] colocou”, explicou.

Questionado por Mariana Mortágua sobre o porquê de lhe chamar um empréstimo, o antigo acionista respondeu: “empréstimo… Não sei o que lhe hei de chamar. Uma doação, será?”.

Sobre quando é que tinha tido conhecimento que o “parceiro de negócios ia capitalizar a TAP com fundos Airbus”, Humberto Pedrosa respondeu que teve conhecimento “mais tarde” e que “não conhecia a negociação”.

“Sabia da negociação dos 53 aviões. Sobre os fundos vim a saber mais tarde”, referiu.

“A negociação com a Airbus estava feita logo de inicio, quando David Neeleman pensou fazer uma proposta para aquisição da TAP foi à procura de fundos e isso faz parte da proposta para o Estado, a entrada de 53 aviões”, acrescentou, deixando claro que “toda a negociação” foi feita por Neeleman.

Para Pedrosa, quando Neeleman “pensou em entrar na TAP tinha que reunir fundos para o poder fazer e isso fez parte daquilo que ele conseguiu fazer com a Airbus”.

“Eu se tivesse mil milhões de euros na altura eu colocava na TAP. Porque acreditava na TAP. Acreditava e continuo a acreditar”, referiu.

Para o antigo acionista, a saída de David Neeleman teve a ver com o facto de o Estado ter pretendido assumir a “gestão da crise”, mas considerou que não se pode falar de um conflito.

“O Estado chamou a si próprio a gestão desta crise e as conversações com Bruxelas. David Neeleman achou: ‘o que é que estou aqui a fazer?’”, referiu, considerando que os 55 milhões que o seu sócio recebeu resultaram de um acordo que fez “com o Estado, com o Governo, com o ministro das infraestruturas”.

Segundo Pedrosa, havia “bastante vontade do Governo de afastar o senhor David Neeleman”.