Em causa está o plano de reestruturação da companhia aérea que tem de ser entregue à Comissão Europeia até 10 de dezembro e que prevê cortes salariais transversais e despedimentos, segundo informação a que a Lusa teve hoje acesso, depois das reuniões entre o Conselho de Administração (CA), Comissão Executiva (CE) e sindicatos, que decorreram na sexta-feira.
“Quanto aos números apresentados, e de que se fala abundantemente na comunicação social, são, quanto a nós, apenas números perfeitamente estapafúrdios, provocatórios e irrealistas”, considerou hoje o Sitava, em comunicado.
O sindicato criticou também a “forma irresponsável como [CA e CE] falam da destruição de postos de trabalho”, que considera que, “a serem levados a sério”, conduziriam à destruição da empresa.
“As ameaças de despedimentos, agora já não veladas, de que é ‘Bruxelas que manda’, além de ser uma irresponsabilidade, parece-nos mais uma desculpa para justificarem os ataques aos direitos dos trabalhadores e à contratação coletiva, do que outra coisa qualquer”, acrescentou.
O Sitava acusou ainda de estarem a proceder a “amputações” na atividade da companhia, “para justificar essa destruição”.
“São exemplo disso os processos de ‘outsourcing’ em grande escala (informática e outros) em andamento e as já famosas alianças espúrias com as companhias aéreas do anterior acionista [David Neeleman] que estão e continuarão a contribuir para a nossa ruína”, apontou.
O Sitava diz ainda ter-lhe sido comunicado, na reunião de sexta-feira, que o mecanismo de apoio à retoma progressiva que estava em vigor na empresa, e ao abrigo do qual os trabalhadores estavam com horários e salários reduzidos, termina na próxima segunda-feira, dia 30, voltando os trabalhadores a exercer os seus horários completos.
“Pergunta-se: mas se eles nos dizem que querem reduzir os custos, porque diabo abdicam da ajuda do Estado à retoma?”, questionou o sindicato.
Estas e outras perguntas poderão ser feitas à tutela na segunda-feira, numa reunião, no Ministério das Infraestruturas e Habitação, a propósito do plano de reestruturação da TAP.
Numa comunicação aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, a administração da TAP referiu que vai propor aos trabalhadores um pacote de medidas voluntárias, que incluirá rescisões por mútuo acordo, licenças não remuneradas de longo prazo e trabalho a tempo parcial, e admite cortes salariais transversais e despedimentos.
Além de medidas voluntárias que serão apresentadas "nas próximas semanas", o Conselho de Administração adianta que "estão colocados para discussão cenários como a suspensão do pagamento de alguns complementos remuneratórios, cortes salariais transversais, garantindo um valor mínimo que assegure a proteção aos salários mais baixos, e ainda a possibilidade de adequar o número de trabalhadores a uma operação que nos próximos anos será reduzida em 30% a 50%, retrocedendo assim a valores vividos há mais de uma década".
Já a direção do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) adiantou, numa nota aos seus associados, a que a Lusa teve também acesso, que o plano de reestruturação da TAP prevê o despedimento de 500 pilotos e a redução em 25% dos seus salários.
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