Enquanto Carlos Lima, vice-presidente da Federação de Táxis do Porto, apelava aos colegas de profissão para trazerem a família e, até os animais de estimação, a passarem o fim de semana na avenida dos Aliados, vários eram os motoristas de táxi que descansavam dentro das viaturas.
“Os colegas começam a ficar cansados. Noto muita esperança e fé, mas também noto muito cansaço e falta de sono”, admitiu hoje à tarde Carlos Lima, em declarações à Lusa.
Entre os que aproveitam a tarde para jogar cartas, ler o jornal e dançar, há também quem transforme a avenida dos Aliados num parque de merendas, montando mesas de piquenique e aproveitando as sombras das árvores.
Segundo Carlos Lima, os protestos, que vão no quarto dia consecutivo, são para continuar.
“Vamos passar outra noite aqui. Aliás, vamos ficar aqui até terminar. E, se nada resultar na segunda-feira, continuamos. Não vamos desistir, vamos lutar e ter fé até ao fim”, afirmou.
João Paulo Ferreira, taxista há 25 anos, está nos Aliados desde quarta-feira, tem passado os dias e as noites junto dos colegas de profissão, mas admitiu “que não tem sido fácil”.
“Ninguém quer saber das nossas condições, nem a Câmara do Porto, que diz que percebe, mas que não pode fazer nada”, contou.
Para João Paulo Ferreira, esta é “a última luta”, apesar de acreditar que “não se pode desistir”.
“Não podemos desistir e abdicar de termos uma concorrência leal. A concorrência é benéfica, mas apenas se os direitos e deveres forem os mesmos. Esta é a nossa última luta, ou ganhamos ou perdemos de vez”, desabafou.
Também André Tavares, 31 anos e motorista de táxi há cinco, na cidade do Porto, afirmou que “vai ficar até ao fim”.
Em conversa com a Lusa, revelou que “estava receoso” em se juntar aos colegas nos Aliados, isto porque já tinha participado em várias manifestações que “deram confusão”.
“Até era para não vir, mas como percebi que esta manifestação ia ser diferente de todas as outras e, também, mais pacífica, acabei por me juntar aos meus colegas na quinta-feira”, disse.
Para André Tavares, apenas uma “legislação justa e igual” vai devolver aos motoristas de táxi a “harmonia”.
Durante a noite, estima-se que os cerca de 400 taxista que se concentram na avenida dos Aliados, no Porto, se mantenham em protesto.
Os taxistas continuam hoje com concentrações em Lisboa, Porto e Faro contra a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte em veículos descaracterizados que operam em Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé.
As duas estruturas que representam o setor dos táxis, reunidas hoje em Lisboa, decidiram pedir uma audiência com caráter urgente ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.
“Como o país não para ao fim de semana, vamos enviar uma carta ao Presidente da República e outra ao primeiro-ministro, para sermos recebidos com caráter de urgência, hoje ou amanhã”, afirmou à Lusa Florêncio Almeida, da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Veículos Ligeiros (ANTRAL).
O dirigente associativo adiantou que, a partir de segunda-feira, os taxistas vão “iniciar uma vigília à porta da residência oficial do primeiro-ministro”, em São Bento.
Segundo Florêncio Almeida “estão atualmente paralisados em todo o país 3.000 motoristas de táxi”, metade deles em Lisboa.
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