O presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio Almeida, anunciou hoje que o protesto “é para continuar” e que “não é para desmobilizar”, acrescentando que “o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, se disponibilizou” para receber os profissionais do setor na segunda-feira, às 15:00. No entanto, ressalvou, a reunião pode acontecer antes do previsto.

A Presidência da República anunciou esta tarde que os representantes das associações vão ser recebidas no Palácio de Belém na segunda-feira, dia em que Marcelo Rebelo de Sousa estará em Nova Iorque para participar no debate da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Florêncio Almeida, que falava nos Restauradores, em Lisboa, acrescentou que os representantes do setor estão também a tentar ser recebidos pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.

“Não é para desmobilizar, viemos aqui, estamos aqui e é para continuar”, sublinhou o presidente da ANTRAL, perante uma plateia de centenas de taxistas, que se concentrava na Praça dos Restauradores, em Lisboa.

“Se não houver nada de novo temos de esperar e resistir e continuar como estivemos até aqui, ordeiramente, civicamente, não provocar nem aceitar provocações. Vamos continuar com a nossa luta porque quem não luta não vence”, concluiu.

O presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), Carlos Ramos, afirmou que, apesar da disponibilidade do Presidente da República, o chefe de Estado já disse publicamente que “a resolução do problema está nas mãos da Assembleia da República e do Governo”.

Após as declarações das associações, os taxistas presentes na praça entoaram o hino nacional.

Meia hora antes do anúncio passou nos Restauradores uma comitiva de mais de 15 táxis de Oeiras, que se iam juntar à cauda do protesto, já depois do Saldanha.

O Presidente da República considerou hoje naturais os protestos dos taxistas, dizendo que "o que seria estranho" era que vários setores não se manifestassem a um mês da apresentação do Orçamento do Estado.

"A Presidência da República sempre recebeu e sempre receberá, nomeadamente, os representantes sindicais dos taxistas. Mas já tive ocasião de dizer que está nas mãos da Assembleia da República", vincou.

O chefe de Estado disse aguardar a posição dos partidos e do Governo, depois de ter “havido manifestação de vontade de alguns grupos parlamentares reverem, repensarem ou reajustarem a lei ou de a completarem”, salientando que “a nova lei dos táxis ficou de ser completada” com a entrada em vigor da legislação sobre as plataformas eletrónicas de transporte em veículos descaracterizados.

Durante o dia de hoje, o ambiente tem estado calmo, exceto em algumas ocasiões em que passaram táxis que resolveram trabalhar ou motoristas das plataformas eletrónicas de transporte de passageiros, que foram apupados.

Cerca das 12:30 os taxistas uniram-se num protesto sonoro: ligaram os quatro piscas e durante quase um minuto buzinaram, seguindo o apelo feito pelos presidentes das associações.

Os taxistas manifestam-se contra a entrada em vigor, a 1 de novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte (TVDE) que operam em Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé -, diploma promulgado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 31 de julho.

Na quarta-feira os representantes das duas entidades representativas dos táxis reuniram-se com os grupos parlamentares para travar a lei, mas na falta de respostas positivas às reivindicações decidiram prolongar o protesto.

Segundo a organização, ao início da tarde mantinham-se nas cidades de Faro, Lisboa e Porto cerca de 1.600 carros.

[Notícia atualizada às 16h40]