Os técnicos, que incluem atividades como a terapia da fala, ocupacional, língua gestual ou psicologia, são cerca de dois mil em todo o país, mas com o processo de renovação como está a ser feito pela tutela, cerca de 500 ficarão de fora, disse à agência Lusa a terapeuta Maria Manuel Cunha.

"O maior prejuízo é que com a redução de vagas, os alunos vão ter menos apoio", disse, indicando que à extinção de alguns lugares se junta o aumento do número de alunos que precisam do trabalho destes técnicos, que vivem em alguns casos há mais de 20 anos a trabalhar precariamente, dependendo de concursos e vagas de escola.

A terapeuta da fala Cândida Silva, de Famalicão, esteve em meio horário de 18 horas semanais no ano letivo passado, por isso está fora do processo de renovação de contratos que está a decorrer.

"Não sou contemplada nesta recondução", lamentou, salientando que as 19 crianças que apoiou nesse regime vão ter que começar de novo os planos de intervenção e que "os país e os miúdos sofrem muito com isto".

Diana Marques, que esteve no agrupamento de Lousada, perdeu a vaga de meio horário que ocupava o ano passado, restando-lhe esperar para ver se abre outra, o que poderá acontecer longe do Porto, de maneira que lhe seja impossível preenchê-la, perdendo horas de trabalho e remuneração.

Na quarta-feira, o prazo para que os diretores das escolas possam renovar contratos de técnicos especializados, que teria terminado na segunda-feira, foi prorrogado até quinta-feiira.

Segundo o Ministério da Educação, os diretores de escola indicaram 1.502 técnicos para renovação de contratos até 16 de setembro de 2016.

Num manifesto entregue à responsável das relações públicas do Ministério, que recebeu uma delegação de técnicos e representantes da Federação nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, exige-se a vinculação de todos "dado o caráter permanente das suas funções".

"O Ministério da Educação tem condições políticas para resolver os problemas destes técnicos, só não o faz se considerar que a precariedade deve ser mantida neste setor", afirmou o sindicalista Artur Sequeira, que fez parte da delegação.