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“O primeiro-ministro respondeu a todas as perguntas sobre esta questão de forma muito clara. Eu nomeei-o como primeiro-ministro e ele tem toda a minha confiança”, sublinhou Macron quando questionado durante uma visita à Feira Agrícola de Paris no dia da abertura.
Bayrou, que foi ministro da Educação entre 1993 e 1997, tem sido alvo de críticas da oposição depois de o jornal online Médiapart ter publicado, a 5 de fevereiro, o relato de testemunhas que afirmam que o atual chefe do Governo sabia então que vários abusos estavam a ser cometidos contra estudantes da escola católica Bétharram.
Desde aí, o processo judicial aberto por esse caso, no qual se acumulam 112 denúncias, avançou com a acusação e detenção de um antigo segurança por violação. Outros dois homens foram detidos, mas foram libertados horas depois porque, após uma análise dos potenciais crimes de que poderiam ser acusados, concluiu-se que estavam prescritos.
Os três são os únicos sobreviventes das onze pessoas investigadas como alegados autores de violação e agressão sexual.
A escola Notre Dame de Bétharram, onde Bayrou educou os seus filhos e onde a sua mulher ensinou religião, está localizada numa pequena cidade dos Pirenéus entre Lourdes e Pau.
Macron notou que os testemunhos que se tornaram conhecidos “anos e dezenas de anos depois são comoventes” e insistiu que lutará contra os atos de violência contra as crianças “até ao fim”, como tem feito desde o início.
Esta sexta-feira, Bayrou denunciou que por trás das acusações contra a sua família existe o desejo de ativar o que designou como “a mecânica do escândalo” e que durante o tempo em que foi ministro “nunca” foi informado da situação.
Um dos últimos testemunhos contra ele foi o de um antigo professor de matemática, entre 1994 e 1996, que afirma que o atual primeiro-ministro e a sua mulher ignoraram os avisos que já existiam nessa altura.
Bayrou encontra-se numa situação política delicada porque o seu governo não tem maioria no Parlamento. Sobreviveu a uma série de moções de censura porque até agora toda a esquerda e extrema-direita não se aliaram contra ele, como aconteceu no início de dezembro com o seu antecessor, o conservador Michel Barnier.
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