Na madrugada de 21 de maio, a mais quente desde que há registos em alguns locais do interior do país, Beja viveu um fenómeno meteorológico raro.
Os dados captados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) mostram que a temperatura subiu de 22.9°C para 33.4°C, tendo posteriormente descido para os 25.5°C, enquanto a humidade desceu de 49% para 13%, tendo posteriormente subido para os 37%. Este fenómeno raro, que aconteceu nesse dia entre as 04:40 e as 04:45, é conhecido como “heatburst”.
“Esta significativa e rápida subida de temperatura (+10.5°C) e descida de humidade relativa (-35%) num período de poucos minutos, constitui um fenómeno raro. Este fenómeno foi observado noutras estações da rede IPMA, embora com menor expressão”, explica o IPMA.
O fenómeno, esclarecido esta segunda-feira pelo IPMA, pode ser explicado pela presença de uma "massa de ar quente e seco proveniente do norte de África e com poeiras em suspensão", condicionada "pela presença de um núcleo depressionário à superfície com expressão em altitude", centrado a oeste do território nacional.
A análise do IPMA dos dados "sugere que uma corrente descendente se manteve pelo menos por um período de 20 minutos [04:20-4:40]" e que foi aquecendo e perdendo humidade “no seu trajeto descendente até chegar à superfície”.
A estação meteorológica do distrito de Beja também mostrou, durante o mesmo espaço de tempo, rajadas de vento de até 53 km/h, que provocaram a queda de dezenas de árvores de grande porte. No entanto, o IPMA explica que nestas condições "seria muito pouco provável a formação de um fenómeno do tipo tornado".
O "fenómeno raro" manifestou-se com maior força na região de Beja, mas o Instituto Português do Mar e Atmosfera revela que também foi sentido em mais estações, mas com mudanças menos extremas.
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